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Trump, a um passo de uma nova vitória na Suprema Corte a oito dias da eleição

26/10/2020 16h21

Washington, 26 Out 2020 (AFP) - O Senado dos Estados Unidos deve confirmar, nesta segunda-feira (26), a nomeação para a Suprema Corte de uma juíza indicada por Donald Trump, que assim poderá se vangloriar, a oito dias da eleição presidencial, de ter consolidado a maioria conservadora na mais alta instância judicial do país.

A maioria dos republicanos no Senado prevê uma indicação sem surpresas para Barrett, uma católica fervorosa de 48 anos, contrária ao aborto e que sucederá Ruth Bader Ginsburg, uma feminista ícone do progressismo, falecida em setembro.

Atrás de seu adversário, o democrata Joe Biden, nas pesquisas, o presidente conta com a confirmação de Barrett para atiçar sua base e captar o voto religioso. Com essa nomeação, Trump somaria três magistrados conservadores no máximo tribunal nomeados por ele.

Para o presidente, essa é uma oportunidade de mudar o discurso em meio a uma crise de saúde e econômica causada pela pandemia de covid-19, que continua se agravando, com mais de 225.000 mortos e cerca de 90.000 novos casos detectados no sábado.

Em uma visita à Pensilvânia, Trump negou ter desistido do combate ao vírus. "Definitivamente estamos virando a página", afirmou aos jornalistas.

Seu chefe de gabinete, Mark Meadows, disse no domingo que o que o governo busca não controlar a pandemia, mas focar nas vacinas.

"Foi um reconhecimento sincero do que foi claramente a estratégia do presidente Trump desde o início desta crise: balançar a bandeira branca da derrota e esperar que, ao ignorá-lo, o vírus simplesmente desapareceria", disse Biden em um comunicado sobre a gestão do presidente da crise do coronavírus.

Trump respondeu hoje, chamando Biden de "candidato patético". "Ele balança a bandeira branca na vida. Não sai do seu porão", criticou.

"Ele não conseguia lembrar meu nome", tuitou o presidente hoje, referindo-se ao evento de Biden no domingo, quando sua esposa precisou sussurrar algo em seu ouvido durante o discurso em que falava de Trump.

Nesta segunda-feira, mais de 60,5 milhões de americanos já tinham votado antecipadamente, superando todos os votos emitidos em 2016 antes do dia da eleição.

- "Desfeitas" -Os democratas se opõem à vontade do presidente de levar adiante uma indicação para um cargo vitalício tão perto das eleições de 3 de novembro, mas a minoria na Câmara Alta não dispõe de nenhuma ferramenta para freá-la.

A incomum sessão do fim de semana abriu o caminho para um voto solene em plenário nesta segunda-feira, após a aprovação em comissão na semana passada. A previsão é de que os senadores votem após as 19h00 locais local (20h00 de Brasília).

Com uma maioria simples de 51 votos, a indicação permanece firme e os republicanos têm 53 cadeiras.

O líder da maioria republicana, Mitch McConnell, alertou antes da votação que talvez seu partido perca as presidenciais e também o Congresso.

"Muitas das coisas que fizemos nos últimos quatro anos serão desfeitas cedo ou tarde após a próxima eleição", disse.

"Mas sobre este assunto, não poderão fazer nada durante muito tempo", acrescentou, referindo-se ao fato de as indicações no Supremo serem vitalícias.

Para recuperar terreno, Trump multiplica seus eventos de campanha e, depois de um fim de semana com agenda cheia, planeja nesta segunda dois comícios na Pensilvânia, um estado-chave para chegar à Casa Branca.

- Uma indicação crucial frente às eleições -A ascensão de Barrett à Suprema Corte mudará consideravelmente o equilíbrio do alto tribunal, com uma maioria conservadora de seis magistrados contra três mais progressistas.

Se tudo ocorrer conforme o previsto, a juíza começaria no alto tribunal em 2 de novembro, na véspera da eleição presidencial.

Portanto, poderia se pronunciar caso a Corte avalie eventuais recursos sobre os resultados da votação.

A Suprema Corte decide nos Estados Unidos sobre assuntos complexos, do aborto ao porte de armas, passando pelos direitos das minorias sexuais.

Os democratas alertaram que Barrett pode votar para desarticular o Obamacare, uma reforma de saúde que ajudou milhões de americanos a obter um seguro médico e que talvez ajudaria a anular a sentença do caso Roe contra Wade de 1973, que dá o direito ao aborto.

A Suprema Corte deve examinar em 10 de novembro um recurso contra a lei emblemática do ex-presidente democrata, sobre a qual a juíza expressou suas reservas no passado.

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