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Filadélfia decreta toque de recolher por distúrbios após morte de homem negro

28/10/2020 19h05

Nova York, 28 Out 2020 (AFP) - A cidade americana da Filadélfia, sacudida por saques e protestos violentos após a morte de um homem negro nas mãos da polícia, anunciou nesta quarta-feira (28) um toque de recolher.

O toque de recolher vai vigorar entre as 21h locais (22h em Brasília) desta quarta-feira e as 06h (07h em Brasília) de quinta, anunciou o governo municipal, depois de o presidente republicano, Donald Trump, culpar o prefeito democrata, Jim Kenney, pela violência.

Milhares de pessoas têm ido às ruas da Filadélfia protestar desde a segunda-feira, quando a polícia matou a tiros Walter Wallace, um homem de 27 anos que estava armado com uma faca.

Em um bairro do norte da Filadélfia, lojas e caixas automáticos foram destruídos. Mais de 170 pessoas foram detidas desde a noite de segunda, segundo a polícia da cidade, que reportou 53 agentes feridos e 17 veículos policiais danificados.

A família de Wallace disse que ele era bipolar e chamou uma ambulância pelo serviço 911 (telefone para emergências nos Estados Unidos), mas quem atendeu foi a polícia. Os familiares se perguntam porque os agentes não usaram uma pistola Taser no lugar de armas de fogo.

A morte de Wallace e os protestos na Pensilvânia, um estado pendular chave na eleição presidencial de 3 de novembro, reacenderam as tensões entre republicanos e democratas.

"O que vejo é terrível e, francamente, o prefeito ou quem quer que seja que autoriza as pessoas se manifestar e saquear sem detê-las é igualmente terrível", disse Trump em Las Vegas, durante ato de campanha.

Em 2016, Trump venceu por apenas 40.000 votos a eleição na Pensilvânia, estado tradicionalmente democrata.

"Não comento coisas sobre Donald Trump, temos muito o que fazer nesta cidade, não traz nada positivo", respondeu o prefeito durante coletiva de imprensa, após qualificar a violência de "inaceitável". Segundo ele, o toque de recolher será estendido, se for necessário.

Em maio, a morte de George Floyd, um homem negro, asfixiado por um policial branco que se ajoelhou durante vários minutos sobre o seu pescoço, em Minnesota, deu origem a uma série de protestos em todo o país contra o racismo e a violência policial.

Trump, enquanto isso, promete a seus seguidores que defenderá "a lei e a ordem" se for reeleito.

Nesta terça, seu adversário, o democrata Joe Biden, e a candidata dele a vice, Kamala Harris, disseram em um comunicado que estavam com "o coração destroçado" pela morte de Wallace. Mas também pediram aos manifestantes para protestar pacificamente.

Dois policiais mataram Wallace com vários tiros na segunda-feira por volta das 16h locais (17h de Brasília), depois que ele se negou a soltar a faca.

Um vídeo gravado com um celular e publicado nas redes sociais mostra Wallace empurrando sua mãe, que tenta controlá-lo, e depois caminhando na direção dos policiais.

"Largue a faca!", grita um dos agentes filmados no vídeo, antes de abrir fogo.

Tropas da Guarda Nacional serão enviadas à cidade, disse o governador Tom Wolf.

O chefe da polícia da Pensilvânia abriu uma investigação sobre o caso.

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