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A pandemia desacelerou o imenso maquinário eleitoral americano

05/11/2020 20h40

Washington, 5 Nov 2020 (AFP) - A contagem dos votos nas eleições presidenciais está se alongando nos Estados Unidos, um país gigantesco onde os métodos de contagem, sempre complexos, este ano se tornaram um quebra-cabeça devido à pandemia e problemas técnicos.

Os americanos começaram a votar semanas atrás e colocaram suas últimas cédulas nas urnas na noite de terça-feira, mas nesta quinta-feira(05) ainda não sabiam quem seria seu próximo presidente: o republicano Donald Trump ou o democrata Joe Biden.

Em todo o país, os agentes eleitorais pedem paciência aos cidadãos.

"Ir rápido é ótimo. Mas preferimos ser exatos", disse Gabriel Sterling, chefe das operações de votação na Geórgia, um estado do sudeste onde restam menos de 60.000 cédulas para serem contadas.

- Imenso maquinário -As eleições americanas são complexas por natureza, com várias votações simultâneas (presidente, Congresso, cargos estatais, referendos...), cuja organização cabe às autoridades locais.

As regras de votação e os métodos de contagem variam de estado para estado e, às vezes, de condado para condado. Em alguns lugares, os eleitores votam em urnas, embora a maioria dos estados prefira as cédulas, que permitem o controle a posteriori.

O eleitor pode inserir essas cédulas ele mesmo em uma máquina que as escaneia e registra sua escolha.

Mas também podem ser depositados nas urnas ou enviados pelo correio. Os eleitores geralmente devem colocá-las em dois envelopes para preservar a confidencialidade. A contagem desses votos é mais longa, pois os agentes eleitorais devem primeiro verificar se atendem aos requisitos legais (assinaturas, data de envio, etc.).

Eles então têm que abrir esses dois envelopes, achatar as cédulas, digitalizá-las e, se a máquina não puder lê-las, contá-las manualmente.

Tudo isso requer uma logística enorme. Em um condado da Geórgia, o gerente de operações de votação disse na quarta-feira que seu maior problema era a falta de espaço para dispor as mesas necessárias para o trabalho dos que cortam os envelopes, extraem as cédulas e as achatam.

- O efeito da pandemia -Para reduzir as filas de espera em 3 de novembro, que favoreceriam a contaminação pela covid-19, as autoridades de muitos estados ampliaram a possibilidade de voto antecipado ou pelo correio. Mais de 100 milhões de eleitores fizeram uso dessa modalidade.

Alguns estados examinam essas cédulas, que demoram mais para serem recebidas. Mas, devido a disputas políticas locais, Pensilvânia, Wisconsin e Michigan tiveram que esperar o fechamento das urnas para começar a recontagem.

Alguns desses estados mal haviam usado o voto por correio antes dessas eleições. Na Pensilvânia, um estado importante onde centenas de milhares de votos ainda não foram contados, 2,6 milhões de cédulas foram enviadas pelo correio, 10 vezes mais do que o normal.

Além disso, vários estados autorizam a contagem dos votos enviados no mesmo dia das eleições, mesmo que cheguem três dias depois (Pensilvânia) ou em até nove (Carolina do Norte).

- Erros pontuais -Deixando de lado os problemas com computadores, a falta de cartuchos de tinta ou os apagões ocorridos na terça-feira, várias falhas técnicas levaram a atrasos na contagem.

Na Carolina do Sul, um erro de impressão retardou a contagem de 14.600 votos porque uma marca no topo das cédulas não era grande o suficiente para ativar os scanners, informou a CNN.

No condado de Allegheny, na Pensilvânia, onde cerca de 30.000 votos permanecem pendentes de contagem, as operações foram suspensas nesta quinta-feira, gerando indignação.

Algumas pessoas acusaram os agentes de terem tirado um dia de folga, mas, segundo um jornalista local, a interrupção se deve ao envio aos eleitores de cédulas com erros e depois versões corrigidas.

Isso obriga a revisão manual dos votos, e o código eleitoral local exige que essa operação seja feita por agentes juramentados, que cuidarão dela na sexta-feira.

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