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Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy é julgado por corrupção

23/11/2020 12h28

Paris, 23 Nov 2020 (AFP) - O julgamento iniciado nesta segunda-feira contra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi suspenso até a quinta-feira para dar tempo para que seja realizado um exame médico em um dos co-acusados.

O tribunal correcional de Paris "decidiu ordenar um exame médico" do juiz Gilbert Azibert, de 73 anos, que não compareceu à audiência por motivos médicos.

Dependendo dos resultados, o tribunal terá que decidir na quinta-feira às 13h30 locais (09h30 de Brasília) se mantém a audiência por videoconferência - algo a que a defesa se opõe - ou se adia a audiência.

Quase sete anos depois que este caso conhecido na França como "escuta telefônica" veio à tona, Sarkozy compareceu a um tribunal de Paris, por supostamente tentar corromper o juiz Azibert, por meio de seu amigo e advogado de longa data, Thierry Herzog.

Sarkozy é o primeiro ex-presidente francês a sentar-se no banco dos réus.

Antes dele, apenas o ex-presidente francês Jacques Chirac, na presidência de 1995 a 2007, antecessor de Sarkozy e, durante anos, seu mentor político, foi condenado a dois anos de prisão por peculato, mas sua saúde impediu-o de comparecer em tribunal.

Sarkozy, de 65 anos, presidente de 2007 a 2012, nega as acusações e prometeu que será "combativo" neste julgamento em que aparece ao lado de seu amigo de longa data e advogado Thierry Herzog, e do juiz agora aposentado Gilbert Azibert.

Para o ex-presidente, que afirma ser inocente, o caso é um "escândalo" que ficará para a história.

- Linha secreta -O ex-presidente de 65 anos chegou ao tribunal de Paris por volta das 13h20 (09h20 de Brasília), em meio a uma multidão de jornalistas que o aguardavam na entrada, mas não fez qualquer declaração.

No tribunal, Sarkozy cumprimentou advogados e promotores, antes de se sentar ao lado de Herzog, que apareceu ao lado dele, sob as mesmas acusações.

Se condenado, Sarkozy, que se aposentou da política após sua derrota na corrida Elysian em 2016, poderá enfrentar uma pena de prisão de até 10 anos e uma multa máxima de um milhão de euros.

O caso tem origem em outro caso que ameaça Nicolas Sarkozy, o das suspeitas de que recebeu financiamento do regime líbio de Muammar Gaddafi durante a campanha presidencial de 2007 que o levou ao Eliseu.

Os juízes decidiram grampear o telefone do ex-presidente e foi assim que descobriram que ele tinha uma linha secreta, para falar com seu advogado, na qual ele usava o pseudônimo de "Paul Bismuth".

Segundo os investigadores, algumas das conversas que teve ali revelaram a existência de um acordo de corrupção. Junto com seu advogado, Thierry Herzog, Sarkozy teria tentado obter informações secretas de outra investigação por meio do juiz Gilber Azibert.

Azibert também teria tentado influenciar seus colegas a favor de Sarkozy. Em troca, Sarkozy teria prometido ao magistrado ajudá-lo a conseguir um cargo altamente cobiçado no Conselho de Estado de Mônaco. Uma posição que ele nunca conseguiu.

- "Eu o farei ascender" -"Eu o farei ascender", disse Sarkozy a Herzog, de acordo com a acusação. Mas, alguns dias depois, Sarkozy diz a seu advogado que não fará esse "movimento" com as autoridades monegascas.

Sinal, segundo os promotores, de que os dois homens souberam que a linha estava grampeada.

"São pequenos fragmentos de frases tiradas do contexto", disse o advogado de Herzog, Paul-Albert Iweins, à rádio France Info nesta segunda-feira, referindo-se apenas a "conversas entre amigos de longa data".

Em outubro de 2017, o gabinete do procurador financeiro nacional da França comparou os métodos de Nicolas Sarkozy aos de "um criminoso experiente".

Os três réus negam qualquer "acordo corrupto".

"Vou me explicar no tribunal porque sempre cumpri minhas obrigações", Sarkozy reiterou recentemente no canal francês BFMTV, e jurou: "Não sou corrupto".

Nicolas Sarkozy acredita que é vítima de uma exploração política da justiça contra ele.

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