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Israel revela reunião de Netanuyahu com príncipe saudita, mas Riade nega

23/11/2020 14h34

Jerusalém, 23 Nov 2020 (AFP) - Tanto a imprensa quanto uma fonte do governo de Israel revelaram nesta segunda-feira (23) uma importante reunião secreta que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu teve com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, mas Riade nega.

De acordo com vários veículos da imprensa israelense, Netanyahu viajou em segredo no domingo para a Arábia Saudita. Uma fonte do governo, que pediu anonimato, confirmou a informação à AFP.

Esta é a primeira viagem conhecida de um chefe de Governo de Israel à Arábia Saudita, potência sunita regional.

De acordo com o canal público israelense Kan, que cita como fontes funcionários do governo israelense sob anonimato, Netanyahu viajou acompanhado de Yossi Coheh, diretor do Mossad (o serviço de inteligência de Israel) e a reunião aconteceu em NEOM, cidade futurista no noroeste da Arábia Saudita próxima de Israel.

Outros meios de comunicação israelenses divulgaram a mesma informação nesta segunda-feira.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que esteve em Israel na semana passada, reconheceu que esteve em Neom como parte de sua visita ao Oriente Próximo e que reuniu-se com Bin Salman. Segundo o canal Kan, Pompeo também participou das negociações.

Mas o ministro das Relações Exteriores saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, negou com veemência essa reunião no Twitter. "Não aconteceu nenhuma reunião. Só estavam presentes funcionários americanos e sauditas", escreveu.

De acordo com o influente correspondente do Walla News, Barak David, Netanyahu e Cohen viajaram em um avião que pertence ao empresário Udi Angel.

De acordo com esta fonte, o avião deixou Israel no domingo às 20H00 locais (15H00 de Brasília) e seguiu para Neom, no Mar Vermelho. A aeronave retornou cinco horas depois.

O gabinete de Netanyahu não fez comentários até o momento.

A reunião acontece depois de Israel anunciar acordos históricos de normalização das relações com dois aliados da Arábia Saudita no Golfo, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.

Os acordos, denominados "Acordos de Abraão", foram estimulados pelo governo do atual presidente americano Donald Trump.

- Sem comentários -Fontes sauditas não responderam até o momento as perguntas da AFP sobre o encontro entre Netanyahu, o príncipe Mohammed e Pompeo.

O secretário de Estado americano viajou no domingo dos Emirados Árabes Unidos a Neom, como parte de uma visita ao Oriente Médio.

Washington e autoridades israelenses afirmam que há mais Estados árabes dispostos a estabelecer relações com Israel.

Em agosto, Netanyahu anunciou que Israel mantém conversas secretas com múltiplos Estados árabes.

A Arábia Saudita, ao menos de forma pública, segue a tradicional posição da Liga Árabe de não estabelecer vínculos com Israel até uma solução para o conflito do Estado hebreu com os palestinos.

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita negou nesta segunda-feira no Twitter que seu país aceitaria o diálogo com Israel até que o conflito palestino fosse resolvido.

Os analistas israelenses questionam se durante um governo do democrata Joe Biden os "Acordos de Abraão" continuarão sendo anunciados, e em especial sobre o que pode acontecer com a Arábia Saudita.

A administração Trump não deu grande importância aos direitos humanos em sua diplomacia internacional e sempre demonstrou cautela no momento de criticar a situação na Arábia Saudita, em particular após o assassinato por agentes sauditas do famoso jornalista Jamal Khashoggi, um crítico das autoridades do reino.

Muitos analistas acreditam que a administração Biden, que receberá muitas pressões, em especial da ala esquerdistas do Partido Democrata, se veria em uma situação incômoda se estimulasse um pacto israelense-saudita sem uma reforma dos direitos humanos no país.

Como Trump deve deixar a Casa Branca em 20 de janeiro, alguns analistas israelenses especulam que a atual administração dos Estados Unidos poderia estimular o acordo israelense-saudita antes da posse de Biden.

Israel e os Estados árabes do Golfo - incluindo a Arábia Saudita - têm um inimigo comum, o Irã, a potência xiita da região.

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