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Alemanha vai contrair novas dívidas devido à pandemia

27/11/2020 13h43

Berlim, 27 Nov 2020 (AFP) - A Alemanha vai contrair um total de 300 bilhões de euros (US$ 358 bilhões) em novas dívidas entre 2020 e 2021, devido à crise de covid-19, que levou o país a prolongar as restrições sanitárias até janeiro - afirmou o ministro das Finanças, Olaf Scholz.

O comitê de finanças do Parlamento alemão (Bundestag) aprovou nesta sexta-feira (27) o orçamento para 2021.

Após 17 horas de debate, o orçamento prevê um total de 179,8 bilhões de euros (US$ 214,2 bilhões) de novas dívidas para 2021, e 498,6 bilhões de euros (US$ 594 bilhões) em gastos públicos, de acordo com o documento definitivo, ao qual a AFP teve acesso.

No total, as novas dívidas para 2020 e 2021 vão alcançar "mais de 300 milhões de euros", ressaltou o ministro das Finanças.

O país tomará emprestados quase 84 bilhões de euros (100 bilhões de dólares), valor acima da previsão divulgada pelo Ministério das Finanças em setembro, antes da chegada da segunda onda de covid-19.

A Alemanha, que nesta sexta-feira superou a marca de um milhão de contágios por coronavírus e registra mais de 15.500 mortes provocadas pela covid-19, prolongou as medidas impostas no início de novembro (fechamento de bares, hotéis e de centros culturais e lazer) até janeiro.

De modo paralelo, Berlim ampliou em um mês os auxílios de emergência implementados em novembro para apoiar as empresas mais afetadas por estas restrições.

Espera-se que essas medidas custem ao governo federal um total de mais de 30 bilhões de euros.

O Parlamento (Bundestag) se reunirá a partir de 7 de dezembro para aprovar o orçamento.

Em 2020, havia autorizado o governo a tomar um empréstimo recorde de 217,8 bilhões de euros, que não foi totalmente desbloqueado, de acordo com Olaf Scholz.

Há cada vez mais vozes no país a favor de um retorno gradual à disciplina orçamentária.

A regra do "freio ao endividamento", registrada na Constituição alemã, que proíbe o governo federal de tomar emprestado mais de 0,35% de seu PIB a cada ano, será ignorada mais uma vez em 2021.

"Não é aceitável a longo prazo que os Estados escapem de sua responsabilidade financeira", alertou Eckhardt Rehberg, porta-voz do partido conservador CDU de Angela Merkel, ao comitê de finanças.

Um grupo de especialistas altamente influente que assessorou o governo em novembro pediu que se preparasse a uma "normalização" das políticas econômicas.

"É muito dinheiro, mas teria sido pior não fazer nada", defendeu-se Olaf Scholz.

O governo garante que sua meta é voltar às normas constitucionais em 2022. Berlim espera uma recessão de 5,5% em 2020, antes de uma recuperação da atividade de 4,4% em 2021, e de 2,5%, em 2022.

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