ONGs levam Shell a tribunal holandês para obrigar empresa a reduzir emissões
Haia, 1 dez 2020 (AFP) - Um grupo de ONGs inicia uma batalha contra a Shell nesta terça-feira (1o), em um tribunal holandês, em uma tentativa histórica para obrigar a gigante do petróleo a cumprir as metas de emissões do Acordo de Paris sobre o clima.
O caso foi iniciado em abril de 2019 pela Milieudefensie, um braço da organização internacional Amigos da Terra na Holanda, e não tem paralelo, de acordo com os promotores da iniciativa, satisfeitos que mais de 17.300 cidadãos holandeses constituam a parte civil do processo.
Ao lado de outras seis ONGs de defesa do meio ambiente e de ajuda ao desenvolvimento, incluindo Greenpeace e ActionAid na Holanda, a Milieudefensie denuncia uma "destruição do clima" por parte da Royal Dutch Shell, uma das empresas de petróleo do mundo.
O tribunal de Haia inicia hoje quatro dias de audiências do caso, que seguirão de forma escalonada até meados de dezembro.
A ONG considera impossível respeitar o Acordo de Paris sem que "os grandes poluentes com a Shell" sejam obrigados legalmente a adotar medidas neste sentido.
"Por isto, pediremos ao juiz que obrigue a Shell a reduzir suas emissões de CO2 com base nos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris sobre o clima", explicou o diretor da Milieudefensie, Donald Pols.
As ONGs querem que o tribunal holandês ordene a Shell a adotar uma redução das emissões de CO2 de 45% até 2030.
A multinacional anglo-holandesa prevê atualmente reduzir a "pegada de carbono líquida" dos produtos vendidos a seus clientes em 30% até 2035, e 65%, até 2050.
De acordo com um relatório publicado em 2017 pela ONG Carbon Disclosure Project, a Shell está entre as 100 empresas responsáveis por 71% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa desde 1988.
A empresa alega que as reivindicações da Milieudefensie "são inapropriadas e sem base jurídica" e afirma ter estabelecido "uma ambição de vanguarda, que consiste com sua vontade de alcançar os objetivos do Acordo de Paris".
"O que vai acelerar a transição energética são políticas eficazes, investimentos em tecnologia e uma mudança no comportamento do cliente. Nada disso será alcançado com este processo", afirmou a Shell em um comunicado.
Desde o Acordo de Paris, assinado em 2015, que tem como objetivo conter o aumento das temperaturas abaixo de dois graus, muitas empresas se comprometeram a reduzir as emissões de CO2. A Shell promete, por exemplo, a neutralidade de carbono para 2050.
Apesar dos compromissos, o grupo dedica apenas de 3% a 5% dos investimentos às energias renováveis, segundo um relatório publicado em julho.
A falta de normas para as empresas da indústria de petróleo "é uma das principais razões, pelas quais não estamos alcançando nossos objetivos climáticos", denuncia Pols.
O ativista considera o julgamento um "momento histórico", possível graças ao apoio de milhares de cidadãos.
"Contamos com o apoio de tantas pessoas. De fato é um 'O Povo versus Shell', uma empresa que evitou durante muito tempo suas obrigações climáticas, graças ao greenwashing", disse.
Em um caso histórico apresentado pela organização ecológica Urgenda, a Corte Suprema da Holanda ordenou ao Estado, no ano passado, a redução das emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 25% até o fim de 2020. Segundo a Milieudefensie, essa decisão estabeleceu um precedente para sua iniciativa.
smt/erl/dga/fp/tt
ROYAL DUTCH SHELL PLC
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.