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Autoridade republicana diz que discurso de Trump alimenta ameaças

02/12/2020 19h10

Washington, 2 dez 2020 (AFP) - Uma autoridade republicana do estado da Geórgia, nos EUA, disse nesta quarta-feira (2) que as alegações infundadas de fraude nas eleições feitas pelo presidente Donald Trump estavam provocando ameaças contra trabalhadores eleitorais.

Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia, foi o segundo funcionário do estado em poucos dias a pedir que Trump modere seu discurso.

Trump denunciou várias vezes uma suposta fraude eleitoral na Geórgia, mas não apresentou evidências para apoiar sua afirmação. Uma recontagem confirmou que o presidente eleito Joe Biden venceu a eleição no estado por cerca de 10 mil votos.

"Mesmo depois que este gabinete solicitou que o presidente Trump tentasse conter a retórica violenta que decorre de suas afirmações contínuas de que ele ganhou nos estados onde obviamente perdeu, ele tuitou: 'Exponha a fraude eleitoral em massa na Geórgia'", disse Raffensperger.

"Este é exatamente o tipo de linguagem que está por trás de um ambiente de ameaça crescente contra os trabalhadores eleitorais que estão apenas fazendo seu trabalho", lamentou ele. "Vamos continuar a fazer o nosso trabalho, respeitando a lei e seguindo os procedimentos", afirmou.

Outra autoridade da Geórgia, o gerente do sistema de votação Gabriel Sterling, também republicano, criticou Trump na terça-feira por não condenar as ameaças aos funcionários eleitorais.

"Senhor presidente, parece uma perda provável no estado da Geórgia", disse Sterling, visivelmente irritado. "Você tem o direito de ir à justiça."

O presidente "deve parar de inspirar as pessoas a cometer atos de potencial violência". "Alguém vai se machucar. Alguém vai levar um tiro. Alguém vai morrer. Não está tudo bem", declarou Sterling.

Trump ainda se recusa a admitir a derrota na eleição de 3 de novembro e continua a insistir que houve fraude eleitoral.

Vários processos judiciais movidos por Trump foram rejeitados e o procurador-geral Bill Barr, um ultraconservador leal ao presidente republicano, afirmou na terça-feira que não havia evidências de fraude que alterassem o resultado da eleição.

"Até o momento, não vimos fraude em uma escala que pudesse levar a um resultado diferente na eleição", disse Barr à Associated Press.

As tensões aumentaram na Geórgia, que se prepara para o segundo turno de 5 de janeiro, no qual o controle no Senado dos EUA pode ser definido.

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