Concessões da UE para acordo pós-Brexit estão no limite, dizem diplomatas
Bruxelas, 4 dez 2020 (AFP) - Os negociadores da União Europeia (UE) que buscam em Londres um acordo para relações pós-Brexit estão a "milímetros" do limite de seu mandato, e não se deve esperar mais concessões - advertiram diplomatas europeus nesta quinta-feira (3).
O chefe da equipe negociadora da UE, o francês Michel Barnier, encontra-se na capital britânica, em um último esforço para se chegar a um acordo, no momento em que as negociações - segundo todas as partes envolvidas -chegaram à sua fase decisiva.
"Estamos no final de uma maratona, possivelmente já além dos 40 quilômetros, embora ainda haja um pouco mais a percorrer", disse Stefaan de Rynck, conselheiro de Barnier, durante um debate público.
Perante este novo esforço de Barnier e da sua equipe para chegar a um acordo, surgem vozes de preocupação em várias capitais europeias com a possibilidade de o acordo acabar sendo inaceitável.
Uma fonte governamental britânica afirmou nesta quinta-feira à noite que a UE trouxe "novos elementos" inesperados à mesa de negociação. "Ainda é possível um avanço nos próximos dias, mas esta perspectiva se distancia", completou.
Michel Bernier poderá avaliar novamente a situação nesta sexta-feira com os Estados membros da UE, mas a reunião não foi confirmada, informou uma fonte europeia.
Um diplomata europeu disse hoje à AFP que o bloco permanece unido, mas ficou claro que Barnier está "a milímetros" das chamadas "linhas vermelhas" - os limites de negociação adotados pelos membros da UE.
"Acho que está claro que, neste momento, quando chegamos tão perto do limite do mandato [de Barnier], precisamos de um movimento do lado britânico, se quisermos chegar a um acordo", afirmou o diplomata ouvido pela AFP.
A lacuna que ainda separa as posições das equipes negociadoras ainda é "substancial", acrescentou, o que o faz duvidar de que um acordo possa ser imediato.
- Diferenças persistentes - Na capital britânica, um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson observou que as equipes de negociação "continuaram a trabalhar duro para resolver as diferenças que persistem".
"Nosso foco é, e continuará sendo, tentar obter um acordo de livre comércio", acrescentou a fonte.
O Reino Unido deixará o mercado comum europeu em 1º de janeiro. Um acordo para definir como funcionará a relação entre ambos os lados, a partir desta data, deve ser aprovado e ratificado no máximo até 31 de dezembro.
Nessa desesperada corrida contra o relógio - comentou outro diplomata europeu -, as negociações em Londres devem continuar nesta quinta "e, certamente, na sexta-feira".
"Tudo pode mudar de uma hora para outra", apontou essa fonte diplomática.
O chanceler irlandês, Simon Coveney, disse em Paris que um acordo ainda seria possível.
As negociações em Londres continuam paralisadas em três questões: direitos de pesca, concorrência leal e ajuda estatal, e gestão legal do futuro acordo, em especial o mecanismo de solução de controvérsias.
Porém, o governo Johnson confirmou que na próxima semana retomará a iniciativa de concluir o processo de aprovação no Parlamento de uma lei sobre o mercado interno que já gerou intenso desconforto nas capitais europeias devido à quebra de confiança.
Essa lei viola explicitamente o chamado Acordo de Retirada, que rege a saída do Reino Unido da União Europeia, em particular os regulamentos de fronteira na Irlanda, e por isso as autoridades em Bruxelas já avisaram que poderiam levar o caso aos tribunais.
Ao ser aprovada na câmara baixa do parlamento britânico, essa lei perdeu os artigos que violam o Acordo de Retirada, mas o governo já avançou na busca pela reinserção das cláusulas na câmara alta.
arp-ahg/mb/tt/jc/mvv
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