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Hospital de Berlim publica detalhes sobre envenenamento de opositor russo Navalny

23/12/2020 12h53

Berlim, 23 dez 2020 (AFP) - Os médicos que trataram do opositor russo Alexei Navalny divulgaram os detalhes clínicos de seu envenenamento por Novichok nesta quarta-feira (23), algo que Moscou havia pedido meses atrás.

"Um grave envenenamento com um inibidor da colinesterase foi diagnosticado no Hospital de la Charité" em Berlim, explicam os cientistas neste artigo de quatro páginas publicado na revista The Lancet, que descreve pela primeira vez os sintomas causados por este agente neurotóxico do tipo Novichok, criado na URSS nos anos 1990.

"A constatação do envolvimento de um agente da Novichok (...) só foi percebida alguns dias após o diagnóstico de intoxicação (...) e não afetou as decisões de tratamento", explicam.

De acordo com o artigo, publicado com o consentimento de Navalny, o líder da oposição entrou em coma depois que os primeiros sintomas apareceram, seu batimento cardíaco caiu drasticamente, e sua temperatura corporal caiu para 33,5ºC.

"Sua boa saúde antes do envenenamento provavelmente contribuiu para sua recuperação", explicam os cientistas, contradizendo as conclusões dos médicos russos que questionaram a saúde geral de Navalny por algum tempo.

Um crítico feroz do regime de Vladimir Putin, Navalny começou a se sentir mal em 20 de agosto, quando viajava em um avião da Sibéria para Moscou.

Após um desembarque de emergência, o ativista foi tratado em um hospital siberiano, mas foi rapidamente transferido para o hospital berlinense, de onde saiu após várias semanas. Ele ainda se encontra em recuperação na Alemanha.

Desde então, Navalny acusou os serviços secretos russos de estarem por trás de sua tentativa de assassinato, acusações qualificadas como "delirantes" nesta semana por Moscou. O governo russo nega que o oponente tenha sido envenenado, já que não há provas disso.

Nesta quarta-feira, Navalny reagiu à publicação de todos esses detalhes clínicos.

"O mais importante é que Vladimir Putin está aliviado. A cada entrevista coletiva ele perguntava, acenando com as mãos: 'quando os alemães vão nos dar seus dados?'. Agora, os dados médicos já estão publicados e disponíveis para todo mundo'", escreveu o opositor no Facebook.

A União Europeia exigiu explicações de Moscou e aprovou sanções neste caso, às quais a Rússia respondeu esta semana, privando mais representantes europeus de acesso ao seu território.

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