Primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, renuncia
Haia, 15 Jan 2021 (AFP) - O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, confirmou sua renúncia, nesta sexta-feira (15), assim como a de seu gabinete, em meio a um escândalo administrativo, no qual várias famílias foram erroneamente acusadas de fraude em ajudas sociais. O premiê admitiu que o sistema fracassou "de forma estrondosa".
"O Estado de direito deve proteger seus cidadãos do todo-poderoso governo e, aqui, isso fracassou de forma estrondosa", declarou Rutte em entrevista coletiva, acrescentando que apresentou a demissão de seu gabinete ao rei Guilherme Alexandre, faltando apenas dois meses paras a legislativas e em plena crise sanitária.
"Todos concordamos: quando todo o sistema falha, apenas uma responsabilidade comum pode ser assumida", acrescentou o primeiro-ministro.
Segundo o relatório de uma comissão de investigação parlamentar publicado em dezembro, funcionários acabaram com os auxílios sociais de milhares de famílias acusando-as injustificadamente de fraude, antes de obrigá-las a restituir de forma retroativa o dinheiro recebido durante vários anos, em alguns casos dezenas de milhares de euros.
Alguns dos agregados familiares foram visados pela administração devido à sua origem étnica, tendo dupla nacionalidade.
Os quatro partidos de centro e de direita no poder se reuniram pela manhã para discutir uma possível renúncia, enquanto Rutte, primeiro-ministro desde 2010, havia anunciado anteriormente que concorreria a um quarto mandato.
Autoridades políticas, incluindo vários ministros em exercício, são acusados de fechar os olhos às disfunções de que tinham conhecimento.
O caso ocorre dois meses antes das eleições legislativas, marcadas para 17 de março, e em meio a uma crise de saúde.
A Holanda vive atualmente as restrições mais severas impostas desde o início da pandemia de covid-19.
"À Holanda eu digo: 'Nossa luta contra o coronavírus continua'", disse Rutte.
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