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Vacinação contra a covid-19 avança no mundo e começa no Brasil

17/01/2021 16h35

Paris, 17 Jan 2021 (AFP) - Diante de um vírus que não desiste, as campanhas de vacinação contra a covid-19 foram se acelerando no mundo, como na Índia, com cerca de 224 mil doses injetadas em um dia. No Brasil, as primeiras vacinas tiveram seu uso emergencial aprovado neste domingo (17).

Mônica Calazans, enfermeira negra de uma UTI do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, em São Paulo, se tornou neste domingo a primeira pessoa vacinada contra o coronavírus no Brasil, logo depois que a Anvisa aprovou o uso da vacina chinesa CoronaVac e da britânica da AstraZeneca/Oxford.

Em número de mortes, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, com quase 210 mil mortes. O país também enfrenta agora uma nova variante, identificada na região amazônica que, segundo especialistas, pode ser mais contagiosa.

Na Índia, segundo país do mundo com mais infecções (10,5 milhões de casos), a campanha de vacinação começou no sábado e já foram administradas 224 mil doses, ainda longe da meta de imunizar 300 milhões dos seus 1,3 bilhão de habitantes até o final de julho, quase o equivalente à população dos Estados Unidos.

O governo indiano ficou satisfeito com o início de sua campanha massiva de vacinação. "Temos ecos encorajadores e satisfatórios do primeiro dia", disse o ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan. "A vacina vai ser um Sanjeevani (salva-vidas)", acrescentou.

- Impulso da vacinação -Em todo o mundo, o coronavírus causou mais de dois milhões de mortes e mais de 94,4 milhões de infecções, de acordo com uma contagem da AFP no domingo a partir de fontes oficiais.

Na Europa, região do mundo mais castigada pelo vírus, que já conta com mais de 657 mil mortes e ultrapassa 30,4 milhões de infecções, vários países pisaram no acelerador em suas campanhas de vacinação.

A França pretende expandir seu sistema a partir de segunda-feira, para vacinar pessoas com mais de 75 anos que não vivem em lares de idosos (5 milhões) e quase 800 mil pessoas com patologias de "alto risco".

O país, que já registrou mais de 70 mil mortes por covid-19, reforçou suas restrições neste fim de semana com um toque de recolher nacional às 18h00.

A Espanha começou neste domingo a administrar a segunda dose da vacina contra a covid às pessoas que já haviam recebido a primeira no final de dezembro, destinada a residentes de asilos e seus cuidadores.

Apesar da Espanha ter registrado um recorde de 40.197 infecções em 24 horas na sexta-feira, em meio à escalada das infecções na terceira onda, o governo descartou um novo confinamento geral no sábado.

Na Noruega, a agência de controle de medicamentos anunciou que suspeitava que a primeira injeção da vacina havia causado a morte de 13 idosos com saúde delicada, e que estava investigando.

No entanto, Steinar Madsen, chefe da instituição, esclareceu que os efeitos colaterais não eram motivo de "alarme". "É claro que essas vacinas apresentam poucos riscos, com exceção, mínima, para os pacientes mais frágeis", afirmou ele.

Outros países, por sua vez, decidiram fortalecer ou estender as restrições. A Áustria anunciou no domingo estender seu confinamento até 8 de fevereiro, por medo da variante da covid-19 detectada no Reino Unido.

E o governo britânico disse estar considerando a opção de pedir a todos os visitantes que chegam ao Reino Unido se isolem em hotéis, reforçando as novas medidas anticoronavírus que entrarão em vigor nas próximas horas.

Em Portugal, onde o governo estabeleceu um segundo confinamento, milhares de eleitores foram às urnas neste domingo para votar antecipadamente nas eleições presidenciais de 24 de janeiro.

- "Mais seguro, mais barato, mais rápido" -A Europa, onde os casos dispararam, está enfrentando uma mutação do vírus que os cientistas dizem ser 74% mais contagiosa.

Na Bélgica, em um lar de idosos de Merkem, 72 residentes e 39 trabalhadores foram infectados com essa variante, a britânica, que causou três mortes, informou seu diretor Jurgen Duyck à AFP.

Assim, o Velho Continente está depositando suas esperanças na vacina da aliança Pfizer-BioNTech.

Os dois laboratórios garantiram no sábado um "plano" que vai limitar o atraso na entrega da vacina a uma semana, quando a Europa temia um prazo mais longo, de "três a quatro semanas".

A Pfizer avisou na sexta-feira que devido às obras em uma fábrica de produção em Puurs, na Bélgica, deve atrasar as entregas, notícia que provocou uma reação fulminante de vários países europeus.

Mas no domingo, o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, garantiu que o atraso da Pfizer "não terá impacto na próxima semana na taxa de vacinação".

- "Ações decisivas" -Os Estados Unidos são de longe o país mais afetado pela pandemia. Está se aproximando rapidamente de 400.000 mortes e registrando mais de um milhão de novos casos por semana, à medida que o coronavírus se espalha de forma incontrolável.

Para tentar aliviar esses números trágicos, o presidente eleito Joe Biden vai assinar uma série de decretos a partir da próxima quarta-feira - o dia de sua posse - para tomar "ações decisivas" sobre a pandemia e outras questões cruciais, como a crise econômica ou as mudanças climáticas Ron Klain, o futuro chefe de gabinete do presidente democrata, disse no sábado.

O Equador, um dos primeiros focos da pandemia na América Latina, registrou perto de 4 mil novos casos nas últimas 24 horas, o maior aumento diário em onze meses de crise de saúde, e a Argentina anunciou ter detectado um primeiro caso da mutação britânica.

A América Latina é a segunda região do mundo mais sofrida pelo vírus, com quase 550.000 mortes e mais de 17,2 milhões de infecções, de acordo com a contagem da AFP.

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