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OPAS afirma ter recebido denúncias de racionamento de oxigênio em EUA e Peru

19/01/2021 16h45

Washington, 19 Jan 2021 (AFP) - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) informou nesta terça-feira (19) que recebeu denúncias de racionamento de oxigênio nos Estados Unidos e no Peru, após a superlotação de pacientes com covid em hospitais de Manaus, que gerou escassez do produto.

"As denúncias de Manaus, no Brasil, ilustram o que acontece quando um sistema de saúde não tem capacidade para enfrentar a velocidade de novas infecções", alertou Carissa Etienne, diretora da OPAS.

O Brasil é o segundo país com mais mortes pela pandemia e a segunda onda causou um colapso de hospitais que levou à falta de oxigênio para os pacientes que desenvolveram a síndrome respiratória relacionada ao vírus.

Etienne alertou que não só Manaus está em risco e indicou que há relatos de que o oxigênio está "racionado" em algumas localidades dos Estados Unidos e do Peru.

A especialista expressou preocupação com o avanço da pandemia nas "próximas semanas", em um momento em que as Américas registraram 2,5 milhões de novos casos na última semana, mais da metade de todas as infecções registradas no mundo.

"Em nossa região, especialmente na América do Norte e do Sul, muitos hospitais estão operando em um nível muito próximo da capacidade total", disse ela.

A especialista indicou que a taxa de ocupação está em torno de 90% em algumas cidades do Peru e que várias no Brasil e no Equador estão operando perto do limite.

Em relação à presença de novas cepas na região, Etienne indicou que estas podem estar desempenhando um papel na "aceleração das infecções".

- Capacidade "muito limitada" -A profissional de saúde disse que se sente "esperançosa" com a velocidade com que as vacinas estão sendo desenvolvidas, mas alertou que "não há doses suficientes para atingir um impacto visível na transmissão em curto prazo".

A OPAS indicou que o mecanismo global para garantir o acesso à Covax - que tem acordos com AstraZeneca e Novavax - está em negociações com a Pfizer e os anúncios são esperados no curto prazo.

O Dr. Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS, informou que até o momento os países da região que já começaram a vacinação são Canadá, Estados Unidos, México, Costa Rica, Argentina, Chile e Brasil.

"É preciso ressaltar que cada um desses países tem uma capacidade muito limitada. Não há uma campanha massiva de vacinação", disse o médico que destacou que o país que mais está avançado são os Estados Unidos, com índice de 3,7% de sua população.

Com relação às campanhas de vacinação, Etienne apelou os países a não medirem o processo apenas com base no tempo que leva e que também considerem fatores como a igualdade de distribuição.

Para a especialista, a prioridade deve ser dada às pessoas em condições de risco, trabalhadores da linha de frente e idosos, sem esquecer as populações marginalizadas.

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