Topo

EUA retorna à OMS e fortalece resposta global ao agravamento da pandemia

21/01/2021 11h25

Genebra, 21 Jan 2021 (AFP) - Os Estados Unidos retornaram à OMS e se comprometem a apoiar sua estratégia para enfrentar a pandemia, em um momento em que a variante britânica do coronavírus já atinge pelo menos 60 países e a vacinação chega gradativamente a novos territórios.

O governo recém-empossado de Joe Biden quis se distanciar rapidamente da política de seu antecessor e concretizou nesta quinta a sua reincorporação à Organização Mundial da Saúde, garantindo o seu apoio financeiro à instituição e elogiando o seu papel no combate à pandemia.

"Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar em colaboração e solidariamente para apoiar a resposta internacional à covid-19, mitigar seu impacto no mundo, fortalecer nossas instituições, avançar na preparação para futuras epidemias e melhorar a saúde e o bem-estar de todos os povos do mundo", declarou o imunologista Anthony Fauci.

O especialista fez parte da célula de crise durante a gestão de Donald Trump e foi nomeado assessor por Biden.

Posição que contrasta com a do ex-presidente Trump, que acusou a organização de ser um "fantoche" nas mãos da China e de "administrar mal" a pandemia, antes de retirar seu país da instituição em julho.

Na quarta-feira, o número de mortos por covid-19 nos Estados Unidos ultrapassou o número de soldados americanos mortos durante a Segunda Guerra Mundial. A pandemia já fez 405.500 vítimas fatais no país, sendo o mais atingido do mundo.

"Estamos entrando naquela que talvez seja a fase mais difícil e mortal do vírus", alertou Biden na quarta-feira.

Além de ordenar o retorno dos Estados Unidos à OMS, Biden decretou, assim que foi investido, a obrigatoriedade do uso de máscaras em prédios federais e transportes interestaduais e por funcionários do governo central.

- Situação caótica em Manaus -Em todo o mundo, o vírus já matou ao menos 2,07 milhões de pessoas e as autoridades estão alarmadas com o surgimento de novas variantes que apareceram no Reino Unido, África do Sul e Brasil, e que são mais contagiosas.

A cepa britânica já atingiu pelo menos 60 nações, segundo a OMS, enquanto a cepa sul-africana foi detectada em 23 países e territórios.

A OMS informou ainda que está monitorando a disseminação de outras duas variantes que surgiram no Brasil, incluindo uma registrada no Amazonas.

Nos hospitais de Manaus, capital do estado, a situação é caótica e o serviço de emergência da cidade afirma receber cerca de 1.300 ligações por dia, 80% delas por problemas respiratórios.

"Estamos atendendo muitos casos com óbitos: quando a ambulância chega na casa, o paciente já faleceu", explicou à AFP o Dr. Ruy Abrahim, que coordena o serviço de emergência.

O Brasil é o segundo país do mundo mais atingido pela pandemia, com 212.831 mortes e 8,6 milhões de infecções.

- "Até os 100!" - De acordo com uma contagem da AFP nesta quinta-feira, 63 países ou territórios iniciaram campanhas de vacinação. Mas 12 países respondem por 90% das 54 milhões de doses injetadas.

Israel é de longe o país que mais vacinou, com mais de um quarto de sua população recebendo pelo menos uma das duas doses.

Em números absolutos, Estados Unidos lidera, com 16,5 milhões de doses administradas a 4,3% da população, seguido pela China (mais de 15 milhões).

Na América Latina, segunda região do mundo em número de mortes por covid-19, com 560.184 óbitos, o Chile aprovou o uso emergencial da vacina chinesa Sinovac, enquanto Equador e Panamá receberam as primeiras 8.000 doses da desenvolvida pela Pfizer/BioNTech.

Cuba, por sua vez, anunciou que planeja produzir 100 milhões de doses de sua vacina Sovereign 2 contra o coronavírus em 2021 e imunizar toda a sua população este ano.

Do outro lado do mundo, a União Europeia debate nesta quinta, em uma cúpula virtual, como lidar com as novas variantes do coronavírus e como acelerar as campanhas de vacinação.

No Reino Unido, país europeu mais atingido pelo coronavírus, onde a pandemia deixou 93.290 mortos, o governo planeja imunizar os maiores de 70 anos e os mais vulneráveis, ou seja, 15 milhões de pessoas, até meados de fevereiro.

"É bom pensar que eles estão fazendo algo para que eu ainda possa ficar aqui por mais algumas semanas ou alguns anos, até os 100 anos!", disse William Perry, um ex-engenheiro de 98 anos, após ser vacinado com a primeira dose da fórmula Pfizer/BioNTech na Catedral de Salisbury (sudoeste).

Apesar do panorama incerto, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, declarou nesta quinta-feira que está convicto de que os Jogos Olímpicos de Tóquio serão disputados nas datas programadas, de 23 de julho a 8 de agosto de 2021, porque "não há plano B".

urs-jvb/bl/mr