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Boeing 737 MAX volta a ser autorizado a voar na Europa

27/01/2021 13h56

Paris, 27 Jan 2021 (AFP) - A Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) anunciou, nesta quarta-feira (27), que deu sinal verde oficial para que o Boeing 737 MAX volte a voar nos céus europeus, paralisado em terra durante 22 meses após dois acidentes fatais.

"Depois de uma análise profunda por parte da EASA, determinamos que o 737 MAX pode retomar o serviço em total segurança. Esta avaliação foi realizada com total independência da Boeing, ou da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) e sem qualquer pressão econômica, ou política", garante o diretor-executivo da EASA, Patrick Ky, citado em um comunicado.

A Autoridade Britânica de Aviação Civil (CAA) também autorizou nesta quarta-feira a retomada dos voos do 737 Max.

"Houve mudanças significativas nas aeronaves e no treinamento dos pilotos", argumentou a CAA, destacando que a retomada dos voos de passageiros terá uma "forte supervisão".

Os aviões da companhia foram obrigados a permanecer no solo a partir de março de 2019, após duas tragédias que terminaram em 346 mortes. A primeira envolveu uma aeronave da Lion Air, na Indonésia, ocorrida em outubro de 2018 e com saldo de 189 vítimas fatais. A segunda foi com um avião da Ethiopian Airlines, em março de 2019, na Etiópia, deixando 157 mortos.

Em ambos os casos, o software de controle de voo (MCAS) recebeu informação errada de uma das duas sondas de incidência AOA e perdeu o controle, apesar dos esforços dos pilotos para desativá-lo. Isso colocou a aeronave em posição de descida.

Os aviões devem passar por uma modificação do software MCAS. Também será necessário mudar outros softwares e reposicionar alguns cabos. Além disso, os pilotos terão de voltar a receber treinamento, como exige a EASA.

"Estamos convencidos de que o avião é segura, o que é a condição prévia para nossa aprovação. Mas continuaremos monitorando de perto as operações do 737 MAX, quando o avião voltar a entrar em serviço", explicou Ky.

- Expectativa de recuperaçãoEm 2020, a Boeing registrou um perda líquida de US$ 11,9 bilhões, afetado pelos problemas do 737 MAX, pelos atrasos no avião 777X e pelo impacto da pandemia no tráfego aéreo e nas companhias do setor.

O fabricante americano teve uma perda líquida de US$ 8,42 bilhões no quarto trimestre, marcado pelos US$ 6,5 bilhões perdidos pelo adiamento, até o final de 2023, das primeiras entregas do avião 777X.

A autorização para o 737 MAX voar na Europa significa que a Boeing poderá retomar as entregas de aeronaves ao continente. Com isso, a companhia pode esperar uma recuperação em sua receita, já que os clientes pagam a maior parte da fatura quando recebem o avião.

A FAA deu sinal verde em 18 de novembro passado para o 737 MAX voar novamente, seguido pelo Brasil e pelo Canadá.

A companhia aérea brasileira Gol foi a primeira do mundo a operar novamente com o avião da Boeing entre São Paulo e Porto Alegre, em dia 9 de dezembro. Nos Estados Unidos, o 737 MAX retomou o serviço em 29 de dezembro, com a American Airlines.

Desde sua entrada em serviço, 67 aeronaves MAX foram entregues a clientes europeus, incluindo 19 para a Norwegian Air Shuttle, e 12, para a Turkish Airlines.

Os clientes europeus encomendaram um total de 723 aeronaves, das quais 210 ainda não foram entregues à Ryanair; 92, à Norwegian Air Shuttle; e 63, à Turkish Airlines. Quatorze companhias aéreas e locadoras do Velho Continente encomendaram 737 MAXs.