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Tribunal chileno ordena prisão de policial que matou artista de rua

06/02/2021 16h59

Santiago, 6 Fev 2021 (AFP) - Um tribunal chileno determinou a prisão do policial que atirou e matou um artista de rua na cidade de Panguipulli, no sul do país, fato que causou violentos protestos na cidade e indignação no país.

O agente, cuja identidade não foi divulgada, foi detido na sexta-feira após ter disparado pelo menos quatro tiros contra o artista de rua Francisco Martínez, em plena luz do dia em uma rua movimentada de Panguipulli. Indignados, centenas de moradores incendiaram a prefeitura e outros prédios públicos durante protestos que prosseguiram até a madrugada,

O policial foi levado neste sábado a um tribunal para um controle da detenção. A audiência foi transmitida pela internet e determinou que "o acusado ficará detido" até segunda-feira, quando o Ministério Público apresentará as acusações contra ele e começará a investigação do caso.

O incidente ocorreu quando Francisco foi abordado por dois policiais para uma verificação de identidade. O jovem se recusou e começou uma discussão no meio da qual um dos policiais atirou em direção aos pés do artista em advertência. O artista de rua avançou contra o policial, que voltou a atirar, o que provocou a morte de Francisco, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais e na imprensa.

"Isso é algo que afetou a todos nós. Me afetou muito como mãe, tudo isso é terrível, aquele jovem nunca machucaria ninguém", disse María Angélica Alcapán à AFP.

"Ninguém tem poder sobre a vida de uma pessoa e muito menos por vestir um traje policial", afirmou Alejandro Flores, um turista de Santiago.

O prefeito de Panguipulli, Rodrigo Valdivia, disse que Francisco era "uma pessoa pacífica" que estava em situação de rua e lamentou a atuação da polícia na morte do jovem e nos protestos.

A polícia apoiou o agente, alegando que ele usou a arma em "legítima defesa". O ministro do Interior, Rodrigo Delgado, ordenou uma investigação completa dos fatos e condenou os incêndios em prédios públicos.

"Lamentamos profundamente que uma operação policial termine com a morte de uma vida humana", disse Delgado em Santiago.

A Polícia chilena foi criticada pela violência injustificada de seus agentes e acusada de violação dos direitos humanos no âmbito de suas ações na repressão às manifestações sociais que explodiram no país em 18 de outubro de 2019.

Após os distúrbios, uma Comissão de Especialistas elaborou uma reforma da Polícia que se encontra atualmente no Congresso.

msa/gm/gf