Governo de Biden recorre de negativa de extradição de Assange
O governo do presidente americano, Joe Biden, apelou da decisão de uma juíza britânico contra a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse um funcionário do Departamento de Justiça nesta sexta-feira(12).
O recurso deixou clara a intenção de Biden de que Assange seja julgado por acusações relacionadas a espionagem e pirataria devido à publicação pelo WikiLeaks de centenas de milhares de documentos militares e diplomáticos dos Estados Unidos.
O Departamento de Justiça tinha até esta sexta-feira para apelar da decisão da juíza Vanessa Baraitser de 4 de janeiro, que alegou que Assange sofria de problemas de saúde mental que aumentariam o risco de suicídio se ele fosse enviado aos Estados Unidos para julgamento.
"Sim, entramos com um recurso e continuamos buscando a extradição", disse o porta-voz do Departamento de Justiça, Marc Raimondi, à AFP.
Biden foi pressionado por grupos de direitos humanos para desistir do caso, o que levanta questões delicadas sobre transparência e liberdade de imprensa.
Depois que o WikiLeaks começou a publicar segredos dos EUA em 2009, o então governo Obama, do qual Biden era vice-presidente, renunciou ao caso.
Assange afirmou que o WikiLeaks não é diferente de outros veículos constitucionalmente protegidos para a publicação de tais materiais.
Processá-lo também pode significar processar poderosas corporações de notícias por publicar material semelhante, abrindo a porta para batalhas jurídicas que o governo provavelmente perderia.
Mas sob o governo de Donald Trump, cuja eleição em 2016 ganhou impulso com o WikiLeaks que divulgou documentos do Partido Democrata que prejudicaram a rival Hillary Clinton, o Departamento de Justiça tratou o caso de Assange como uma questão de segurança nacional.
Em 2019, de acordo com as leis de espionagem e crimes cibernéticos dos EUA, o australiano foi acusado de várias acusações de conspiração e condução de terceiros para obter e divulgar ilegalmente segredos dos EUA entre 2009 e 2019.
Assange, de 49 anos, é acusado de instigar a pirataria, expôr ilegalmente fontes americanas confidenciais e usar as informações para prejudicar o país. Se condenado por todas as acusações pode enfrentar uma pena de 175 anos de prisão.
"Julian Assange não é jornalista", argumentou o então procurador-geral adjunto, John Demers. Assange foi detido pelas autoridades britânicas enquanto aguarda o recurso.
No início desta semana, 24 organizações, incluindo Human Rights Watch, Anistia Internacional e Repórteres Sem Fronteiras, instaram para que Biden abandonasse o caso.
"Jornalistas das principais publicações de notícias falam regularmente com as fontes, solicitam esclarecimentos e mais documentação e recebem e publicam documentos que o governo considera secretos", ressaltaram em uma carta aberta.
"Em nossa opinião, o precedente neste caso poderia efetivamente criminalizar essas práticas jornalísticas comuns".
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