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Air France-KLM tem perda de EUR 7,1 bilhão em 2020 por pandemia

18/02/2021 07h19

Paris, 18 Fev 2021 (AFP) - A companhia aérea Air France-KLM perdeu 7,1 bilhão de euros (US$ 8,5 bilhão) em 2020, um resultado negativo "sem precedentes" provocado pela pandemia de covid-19, que castigou duramente o setor do transporte aéreo e privou o grupo franco-holandês de dois terços de seus passageiros.

O volume de negócios caiu 59% em relação a 2019, situando-se em 11,1 bilhões de euros (13,3 bilhões de dólares), detalhou o grupo em um comunicado nesta quinta-feira.

A Air France-KLM advertiu ainda que o primeiro trimestre de 2021 será "difícil" e que a perspectiva de uma reativação continua sendo "limitada". A empresa espera, porém, que o tráfego seja retomado progressivamente no segundo e terceiro trimestre do ano, graças às vacinas contra o coronavírus.

Essas perdas e retrocessos de atividade "dão um pouco de vertigem", reconheceu o diretor financeiro do grupo, Frédéric Gagey.

De acordo com o comunicado divulgado pela Air France-KLM, a crise teve um "impacto sem precedentes" na empresa.

A lucratividade das companhias aéreas depende de manter seus aviões voando ao máximo de sua capacidade, um quadro impossível desde o início da crise sanitária global.

A situação levou os governos francês e holandês a concederem empréstimos diretos, ou garantidos, à Air France-KLM, totalizando mais de 10 bilhões de euros (US$ 12,065 bilhões).

Apesar de sua magnitude, esses resultados negativos não são nenhuma surpresa. Em todo mundo, companhias aéreas perderam 66% de seu tráfego de passageiros e sofreram perdas acumuladas de US$ 118 bilhões no ano passado, de acordo com a IATA, a associação do setor.

A Air France-KLM também teve de financiar um grande plano de demissões voluntárias que resultou em uma redução de mais de 10% de sua força de trabalho em um ano, ou seja, 8.600 vagas.

Segundo Gagey, há outros planos previstos que poderão afetar mais de 5.000 postos de trabalho.

- Negociações com Bruxelas -No conjunto do ano, a Air France-KLM perdeu 67,3% dos passageiros em relação a 2019, uma tendência que se agravou no quarto trimestre (-75,9%).

O grupo alertou que "restrições de viagem mais rígidas" complicam este primeiro trimestre do ano. Sua capacidade de transporte de passageiros representará apenas 40% do que tinha no mesmo período de 2019.

Além disso, "a visibilidade sobre a recuperação da demanda ainda é limitada", embora a empresa espere "uma recuperação do tráfego no segundo e terceiro trimestres de 2021, graças à implantação da vacina".

O único ponto positivo é o aumento da receita com transporte de mercadorias, como resultado de tarifas mais altas, em meio à redução global da oferta.

Graças aos empréstimos públicos, a Air France-KLM fechou 2020 com 9,8 bilhões de euros (US$ 11,8 bilhões) em caixa, o que lhe permite "enfrentar o próximo ano com tranquilidade", completou Gagey.

Estas operações aumentaram, porém, seu endividamento, que quase duplicou em um ano, chegando a 11 bilhões de euros (US$ 13,27 bilhões). Este nível dificilmente será sustentável no longo prazo e pode levar os Estados a terem de aumentar sua participação no capital fortalecer a empresa.

Se for este o caso, Bruxelas pede contrapartidas para preservar a concorrência leal, como a cessão de faixas de horário de decolagem e de aterrissagem da Air France no aeroporto de Paris-Orly. Algumas demandas não agradam à Air France-KLM.

Segundo Gagey, com a Comissão Europeia "não há negociações bloqueadas, mas é preciso chegar a um equilíbrio entre as diferentes partes, já que qualquer negociação leva um tempo".

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