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Navalny deixa de ser um "prisioneiro de consciência" para Anistia Internacional

5.fev.2021 - O opositor russo Alexei Navalny numa cela de vidro reservada durante julgamento em Moscou - AFP/ Moscow"s Babushkinsky district court press service / handout
5.fev.2021 - O opositor russo Alexei Navalny numa cela de vidro reservada durante julgamento em Moscou Imagem: AFP/ Moscow's Babushkinsky district court press service / handout

24/02/2021 09h01Atualizada em 24/02/2021 09h10

Moscou, 24 Fev 2021 (AFP) - A ONG Anistia Internacional anunciou nesta quarta-feira (24) que não considera mais o opositor russo Alexei Navalny um "prisioneiro de consciência" por seus comentários de ódio há muitos anos, mas afirmou que continua pedindo sua libertação e considera que seu julgamento é político.

"A Anistia Internacional tomou a decisão interna de deixar de classificar Alexei Navalny como prisioneiro de consciência pelos comentários que fez no passado", afirmou a ONG em um e-mail enviado à AFP, confirmando uma informação da imprensa russa.

"Alguns destes comentários, que Navalny não negou publicamente, equivalem a um chamado ao ódio, o que está em contradição com a definição da Anistia de um prisioneiro de consciência", completou a organização, que "continuará lutando por sua liberdade".

Alexei Navalny, de 44 anos, está preso desde meados de janeiro, quando retornou à Rússia após vários meses de convalescença na Alemanha, donde se recuperava de um envenenamento que atribui ao Kremlin.

Poucas semanas depois, ele foi condenado a dois anos e meio de prisão em um caso de fraude que data de 2014 e que ele denunciou como político.

Na década de 2000, Alexei Navalny participou em várias passeadas da Marcha Russa, uma reunião anual de pequenos grupos de extrema direita ou monárquicos, utilizando regularmente um discurso nacionalista e racista para criticar os imigrantes procedentes da Ásia central ou das repúblicas muçulmanas do Cáucaso russo.

Desde que virou o principal opositor do Kremlin, ele suavizou o discurso, abandonando a retórica que justificava por sua vontade de falar com todas as esferas de oposição a Vladimir Putin.

A decisão da Anistia Internacional provocou uma torrente de críticas dos aliados de Navalny, que consideram que a ONG cedeu a uma campanha organizada para difamá-lo.