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Funeral de Estado para embaixador italiano assassinado na RDCongo

25/02/2021 11h23

Roma, 25 Fev 2021 (AFP) - A Itália prestou homenagem nesta quinta-feira (25) a seu embaixador na República Democrática do Congo (RDC), assassinado ao lado de um segurança em um ataque contra um comboio do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Luca Attanasio, 43 anos, morreu depois de ser atingido por tiros e não resistir aos ferimentos quando o comboio do PMA foi alvo de uma emboscada na segunda-feira na província de Kivu do Norte, perto da fronteira com Ruanda.

O ataque também matou seu segurança italiano, o policial Vittorio Iacovacci, de 30 anos, e o motorista congolês do PMA, Mustafa Baguma Milambo, de 56 anos.

A triste marcha fúnebre de Chopin acompanhou a cerimônia de despedida dos dois italianos. Os corpos foram repatriados na terça-feira em um voo especial.

O funeral de Estado aconteceu na igreja Santa Maria dos Anjos em Roma e foi marcado pelas medidas de distanciamento devido à pandemia de coronavírus.

Em razão das medidas de distanciamento pela pandemia de covid-19, apenas uma pequena multidão se despediu com aplausos e lágrimas dos dois representantes do Estado italiano, cujas mortes violentas provocaram indignação nacional.

Além dos parentes das vítimas também estavam presentes o primeiro-ministro Mario Draghi, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, assim como vários ministros.

A cerimônia religiosa foi presidida pelo cardeal Angelo De Donatis.

"Eles foram arrancados desta vida com uma violência estúpida e feroz que só deixa dor. O mal deixa o mal. A violência está acontecendo em todo o mundo e não apenas na RDC", lamentou o religioso.

"Neste dia sentimos a angústia de três famílias, de duas nações, de toda a família de nações", completou.

Apaixonado pela África, Luca Attanasio é o primeiro embaixador italiano assassinado no desempenho de suas funções.

"Ele amava o trabalho de campo (...). Tinha uma ligação particular com o leste do país, uma zona esquecida pela comunidade internacional. Creio que também queria dar um contributo para a reconstrução da paz", declarou o embaixador da União Europeia na RDC, Jean-Marc Châtaigner, na televisão pública italiana Rai.

A poucos quilômetros de distância, na enorme esplanada diante da sede do ministério italiano das Relações Exteriores, centenas de funcionários, com respeito ao distanciamento, respeitaram um minuto de silêncio em homenagem ao diplomata.

O chefe da diplomacia italiana, Luigi Di Maio, pediu na quarta-feira ao PAM e à ONU que abram uma investigação e exigiu "o mais rápido possível, respostas claras".

Segundo as autoridades congolesas e italianas, o comboio foi emboscado a três quilômetros de seu destino, a comuna de Kiwanja, no território de Rutshuru.

Depois do assassinato de Mustafa Baguma Milambo, seis atacantes armados com armas do tipo AK-47 forçaram os ocupantes dos dois veículos do comboio a segui-los até o Parque Virunga, famoso por seus gorilas.

Alertados, guardas-florestais e soldados congoleses começaram a perseguir os agressores.

As circunstâncias que posteriormente levaram à morte dos dois italianos não foram claramente estabelecidas, mas a necrópsia revelou que eles foram mortalmente feridos por dois tiros cada.

As autoridades congolesas acusam os rebeldes hutus ruandeses das Forças de Libertação Democrática de Ruanda (FDLR), instaladas no leste da RDC.

Mas em um comunicado enviado à AFP na terça-feira, os rebeldes da FDLR negaram estar envolvidos.

bur-kv/zm/fp/mr