Blinken diz a México em encontro virtual que 'fronteira está fechada à imigração ilegal'
Washington, 26 Fev 2021 (AFP) - O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, iniciou nesta sexta-feira (26) uma série de reuniões por meio de uma "viagem virtual" ao México, na qual destacou que a fronteira sul de seu país está "fechada à imigração irregular".
Alinhado com o posicionamento do presidente democrata Joe Biden sobre evitar viagens, Blinken permaneceu em Washington e, do Departamento de Estado, liderou o encontro com o chanceler do México, Marcelo Ebrard.
"Como Secretário de Estado, queria primeiro 'visitar' o México para demonstrar a importância que damos, que o presidente dá às relações entre os nossos países", disse o funcionário americano.
Os dois países compartilham uma fronteira de 3.200 quilômetros e buscam recalibrar suas relações com a chegada do governo democrata.
O ex-presidente republicano Donald Trump desenvolveu um relacionamento fluido com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que foi um dos últimos líderes estrangeiros a reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições de novembro.
Durante o governo Trump - sob pressão das taxações - o México concordou em manter milhares de centro-americanos e outros solicitantes de asilo em seu território, enquanto aguardavam a revisão de seus pedidos de entrada nos Estados Unidos.
Mas o governo Biden começou a desestruturar este programa que, de acordo com os defensores dos direitos dos migrantes, coloca em risco físico as pessoas que fogem da violência e viola a lei internacional de asilo.
Apesar de que o governo dos Estados Unidos processará os casos das pessoas que aguardam no México, o chefe da diplomacia desencorajou os migrantes a fazerem uma viagem ao norte.
"Para qualquer um que esteja pensando em fazer uma viagem, nossa mensagem é que não a faça. Vamos reformar estritamente nossas leis de imigração e nossas medidas na fronteira", disse Blinken.
O Secretário de Estado iniciou o dia às 10h00, horário de Washington, com uma visita virtual ao posto fronteiriço que liga a cidade americana de El Paso à Ciudad Juárez, no México.
- Diferenças sobre política energética -Um ponto de atrito é a reforma da lei de eletricidade promovida pelo governo López Obrador para fortalecer a estatal CFE.
Um alto funcionário dos EUA pediu na quinta-feira ao México que "ouça as partes interessadas, o setor privado e forneça uma cultura, uma atmosfera de liberdade de investimento e transparência".
Nesta sexta-feira, em sua coletiva de imprensa matinal, o presidente mexicano reafirmou sua posição e destacou que seu país não interfere nos assuntos dos Estados Unidos.
"Eles acreditam que devemos agir de uma forma, devemos garantir a liberdade de expressão, mas devemos respeitar", disse López Obrador.
"Agora que tiveram o problema da geada no Texas, ficaram sabendo que a política energética não funciona bem, pelo menos naquele estado e em outros estados", disse ele sobre a tempestade que deixou milhões de pessoas sem serviço.
- "O novo mundo em que vivemos" -O estilo de Blinken contrasta com o de seu antecessor republicano Mike Pompeo, que continuou viajando fisicamente apesar da pandemia.
Embora o funcionário já esteja vacinado, ele segue a regra do governo de proibir viagens não essenciais.
Até agora, apenas os responsáveis por temas urgentes como o conflito no Iêmen podem viajar, já que dezenas de pessoas estão envolvidas nesses movimentos, entre assessores, agentes de segurança e jornalistas.
A subsecretária interina do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Julie Chung, destacou a "criatividade" do programa do dia.
"Este é o novo mundo em que vivemos", disse.
No entanto, essa nova realidade - livre de percalços como o fuso horário ou voos longos - está sujeita a problemas de transmissão que dificultam ouvir os discursos.
Depois do México, Blinken voltou as atenções para uma maratona de encontros com o Canadá, incluindo um encontro com o primeiro-ministro Justin Trudeau, com quem também teve uma "cúpula" virtual esta semana.
Para o ex-diplomata Brett Bruen, esse formato impede "conversas mais descontraídas" e às vezes mais frutíferas. Para este ex-funcionário, que agora é especialista em comunicação, o governo Biden deve "encontrar um equilíbrio, já que desistir do contato cara a cara não é uma alternativa viável".
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