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Novos protestos na Armênia aprofundam crise

01/03/2021 09h30

Erevan, 1 Mar 2021 (AFP) - Partidários do primeiro-ministro e da oposição planejam tomar as ruas nesta segunda-feira (1) na Armênia, imersa numa grave crise política em decorrência da derrota militar do ano passado na região de Nagorno-Karabakh.

Cada lado tenta medir sua força e ambos convocaram protestos às 18h00 (11h00 no horário de Brasília) em dois lugares diferentes em Yerevan, a capital.

Para a oposição, o objetivo é obter a saída do chefe de governo, Nikol Pachinian, acusado de traição. Este pediu a seus partidários que mostrassem "a disposição do povo em apoiar a ordem democrática e constitucional".

A Armênia, um país pobre do Cáucaso, está à beira do caos desde que Nikol Pachinian concordou, em novembro, sob pressão, com um acordo de paz ratificando uma derrota humilhante contra o Azerbaijão na região independente de Nagorno-Karabakh.

Desde então, a oposição exige sua saída e o confronto, latente há meses, foi reacendido na quinta-feira com o pedido de renúncia de Pachinian pelo Estado-Maior.

Enfraquecido, mas não derrotado, o primeiro-ministro denunciou imediatamente uma tentativa de golpe militar, ordenou a destituição do chefe do Exército e reuniu 20 mil apoiadores nas ruas naquele mesmo dia.

Por sua vez, a oposição também se mobilizou com três dias consecutivos de manifestações de quinta a sábado.

Para agravar ainda mais a situação, o presidente Armen Sarkisian - adversário político de Nikol Pachinian - se recusou no sábado a validar a destituição do chefe do Exército, argumentando que a crise "não pode ser resolvida com frequentes mudanças de autoridades".

"A luta política não deve ir além da estrutura legal e causar choques e instabilidade", acrescentou Sarkisian em um comunicado nesta segunda-feira, pedindo "tolerância e solidariedade".

Nikol Pachinian respondeu que enviaria uma nova ordem para remover o chefe do Exército do cargo.

- Um herói transformado em "traidor" -Nesta segunda-feira, os apoiadores de Nikol Pachinian vão se reunir em um memorial às vítimas dos distúrbios que se seguiram à eleição presidencial de março de 2008.

Denunciando eleições corruptas, a oposição, da qual Pachinian era uma estrela em ascensão na época, foi reprimida e os confrontos com a polícia deixaram 10 mortos e centenas de feridos.

Preso por dois anos por participar dos protestos, Pachinian chegou ao poder em 2018, em uma revolução pacífica que derrubou o ex-presidente Serge Sarkisian.

Muito popular e prometendo livrar a Armênia das velhas elites corruptas, Pachinian perdeu parte de seu crédito na guerra de Nagorno-Karabakh contra o Azerbaijão.

Diante do risco de um desastre humanitário, o Exército armênio pediu ao chefe do governo em novembro, após seis semanas de combates, que aceitasse um cessar-fogo negociado pelo presidente russo, Vladimir Putin, que implicou em perdas territoriais significativas.

Embora a maior parte da região separatista armênia de Nagorno-Karabakh tenha sido preservada, a Armênia perdeu a cidade simbólica de Shusha, bem como uma série de territórios azerbaijanos que circundam a região.

Em seis semanas, a guerra ceifou cerca de 6.000 vidas.

bur-rco/tbm/at/pc/zm/mr

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