Papa defende a reconciliação no Iraque após anos de guerra
Cidade do Vaticano, 4 Mar 2021 (AFP) - Na véspera de sua viagem histórica ao Iraque, o papa Francisco enviou uma mensagem emocionada aos iraquianos, na qual defende a reconciliação nesta terra, berço das regiões, afetada por anos de violência e guerras.
"Vou como peregrino (...) implorar ao Senhor perdão e reconciliação, após anos de guerra e terrorismo (...) e vou entre vocês como um peregrino da paz", declarou o sumo pontífice na véspera de sua viagem de quatro dias (5 a 8 de março) ao Iraque.
Francisco inicia na sexta-feira uma visita histórica, sob enormes medidas de segurança, a um país confinado pela pandemia e afetado por anos de violência.
"Anseio conhecê-los, ver seus rostos, visitar sua terra, antiga e extraordinária, berço da civilização", afirmou o pontífice argentino, que deseja cumprir o sonho do papa João Paulo II, que não conseguiu viajar ao Iraque.
"Vou como um peregrino da paz em busca da fraternidade, animado pelo desejo de rezar juntos e caminhar juntos também com irmãos e irmãs de outras religiões", ressaltou, em referência a um país majoritariamente muçulmano, onde os poucos cristão que conseguiram permanecer ainda sofrem ameaças e agressões.
Em sua mensagem, Francisco se dirige a muçulmanos, judeus e cristãos, "uma só família", afirma, e os incentiva a "seguir adiante", que não se rendam, para reconstruir e curar feridas.
"A vocês, cristãos, muçulmanos; a vocês, povos como os yazidis, que tanto sofreram; a todos vocês. Vou para a vossa terra abençoada e ferida como um peregrino da esperança", explicou.
"É uma honra encontrar com uma Igreja martirizada: Obrigado por vosso testemunho! Que os muitos, demasiados mártires que conheceram nos ajudem a perseverar na humilde força do amor", acrescentou.
A Igreja "os encoraja a seguir adiante. Não permitamos que prevaleça o terrível sofrimento que viveram e que tanto me entristece".
- Uma viagem arriscada -O papa fará na sexta-feira a viagem de número 33 de seu pontificado, com o objetivo de transmitir uma mensagem de paz e reconciliação, que ajude a curar as feridas.
Francisco, que deseja entrar para a história por sua defesa dos pobres e da paz, faz a viagem mais arriscada de seus nove anos de pontificado, de acordo com analistas.
A visita papal não representa apenas um desafio do ponto de vista religioso, mas também logístico e sanitário, com um novo pico de contágios de coronavírus de 4.000 casos diários.
O pontífice, que ao lado de seu séquito e dos jornalistas que o acompanham foram vacinados, visitará Bagdá e Erbil, duas cidades que foram cenários recentemente de ataques com foguetes contra alvos americanos.
Apesar dos riscos, Francisco manteve a agenda e declarou que não se pode decepcionar "pela segunda vez este povo", depois de recordar o cancelamento da visita em 1999 de João Paulo II.
O pontífice também tem uma escala programada para Mossul, que foi reduto dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).
A visita do pontífice argentino ao Iraque será marcada pela ausência de multidões e o obrigará a utilizar um automóvel blindado em seus deslocamentos.
Apenas no estádio de Erbil, com capacidade para 20.000 pessoas, ele falará para 4.000 fiéis na missa dominical, segundo fontes locais.
No sábado, o papa visitará Ur, uma etapa com fortes vínculos espirituais, pois a área foi o berço do cristianismo, a terra do profeta Abraão, pai das três religiões monoteístas.
No mesmo dia ele se reunirá na cidade sagrada de Najaf (sul) com o grande aiatolá Ali Sistani, de 90 anos, a principal autoridade para os xiitas no Iraque, um gesto a favor do diálogo com todos os muçulmanos.
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