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Manifestações pelo Dia da Mulher na Espanha, exceto em Madri

08/03/2021 17h35

Madri, 8 Mar 2021 (AFP) - Manifestações pelo Dia da Mulher aconteceram nesta segunda-feira (8) em várias cidades da Espanha, onde o movimento feminista ganhou grande força nos últimos anos, exceto em Madri, onde foram proibidas devido à pandemia do coronavírus.

"Hoje me levantei e continua existindo desigualdade: as mulheres ganham menos, a gente trabalha mais em casa e nos matam mais. Se eu acordar amanhã e não houver desigualdade, não virei. Enquanto houver, continuarei vindo", explica com sarcasmo Mireia Mata, uma mulher de 54 anos de Barcelona.

Na segunda maior cidade espanhola, milhares de pessoas, vestindo roupas e máscaras roxas, se reuniram de forma espaçada no Paseo de Gracia para uma manifestação menos lotada por causa da pandemia que, segundo as manifestantes, impactou mais as mulheres.

"Quem tem cuidado da casa? Quem tem dificuldade para voltar ao trabalho? (...) A pandemia mostrou as diferenças de forma mais clara", disse Alys Samson, de 29 anos.

Barcelona, Sevilha, Valência e dezenas de outras cidades têm previstas manifestações violetas (a cor do movimento).

No ano passado, poucos dias antes do início do confinamento rigoroso da população, a manifestação reuniu mais de 100.000 pessoas em Madri e, posteriormente, três ministras que participaram se infectaram com a covid-19.

Nesta segunda-feira, apesar da proibição, algumas dezenas de pessoas se reuniram na famosa Porta do Sol.

Personalidades, jornalistas e atrizes convocaram as pessoas em suas redes sociais para saírem na varanda, na porta de suas casas ou prédios, às 20 horas locais, para se manifestarem em Madri.

No ano passado, poucos dias antes do início do estrito confinamento da população, a manifestação reuniu mais de 100.000 pessoas em Madri e, consequentemente, três ministras que participaram testaram positivo para a covid-19.

Alguns murais de protesto das mulheres foram vandalizados em várias cidades na madrugada de domingo para segunda, como um em Madri que mostrava rostos de Frida Kahlo, Rosa Parks e Rigoberta Menchú, com frases pintadas que diziam "Stop feminazis" e "violência não tem gênero".

"Resta muito trabalho a ser feito. Se há algo que não dá para desistir, rompendo os preconceitos que ainda persistem, é da luta feminista, porque nós arriscamos tudo, o progresso, a decência como país e o crescimento econômico", disse o presidente do governo, Pedro Sánchez, em um ato no Ministério da Igualdade.

Falando sobre os efeitos do confinamento e da pandemia, especialmente duros para as mulheres, Sánchez lamentou "um novo caso de violência de gênero", uma mulher apunhalada e gravemente ferida pelo seu ex-companheiro em Valença (leste).

Sánchez prometeu a aprovação da lei conhecida como "apenas sim é sim", um projeto legislativo que introduz a noção de consentimento explícito nas relações sexuais.

Desde 2003, quando começou a ser levado em conta oficialmente os feminicídios na Espanha, 1.082 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros ou ex-companheiros, 45 delas em 2020 e 4 no decorrer do ano.

O 8 de março se tornou um encontro obrigatório das feministas desde 2018, quando ocorreu uma greve inédita e uma manifestação gigantesca com centenas de milhares de pessoas.

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