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Holandês Geert Wilders disposto a intensificar discurso contra a imigração e o Islã

10/03/2021 09h08

Haia, 10 Mar 2021 (AFP) - O líder da extrema direita holandesa, Geert Wilders, afirma estar disposto a "intensificar" sua mensagem anti-imigração, apesar de a covid-19 dominar a campanha para as eleições parlamentares, marcadas para a próxima semana.

Chamado de "Trump holandês" - por seu cabelo loiro platinado e comentários inflamados - Wilders concentrou parte de sua campanha eleitoral nas falhas do sistema de saúde holandês e em sua oposição às medidas do governo contra o coronavírus.

Enquanto espera melhorar os resultados de 2017, que fez de seu "Partido pela Liberdade" (PVV) o segundo maior no Parlamento, o homem de 57 anos admite que o primeiro-ministro Mark Rutte está prestes a vencer.

"O atual governo é bastante popular, pelo menos o primeiro-ministro, e em tempos de crise as pessoas tendem a se unir (atrás de um líder)", disse Wilders à AFP em uma entrevista no Parlamento holandês.

"Outras questões, como a imigração, são sempre importantes. Para meus eleitores, é sempre a questão número um, mas se olharmos para o holandês médio, o coronavírus é, de fato, o número um", acrescentou.

Apesar disso, o político não deseja se desprender da retórica anti-imigração e anti-Islã que definiu sua carreira política nas últimas duas décadas. "A imigração de não ocidentais é um problema existencial", afirmou. "Acho que deveríamos endurecer ainda mais nossa política".

- Lutar pela liberdade -O primeiro-ministro Mark Rutte e outros do partido prometeram excluir Wilders de qualquer governo de coalizão, um movimento que o líder do PVP chamou de "altamente antidemocrático".

"Uma coisa é certa, quanto mais fortes formos, mais pessoas votarão no meu partido e mais difícil será nos excluir".

Geert Wilders também disse que não se arrependia de iniciativas anteriores, como seu plano de organizar um concurso de charges em 2018 do profeta Maomé, ao qual teve que renunciar devido a ameaças de morte.

Também foi considerado culpado de insultar os marroquinos - embora tenha sido absolvido de qualquer discriminação - num comício em 2014, no qual perguntou aos seus simpatizantes se queriam "mais ou menos marroquinos", ao que a multidão respondeu "menos, menos!"

Wilders mora em uma casa sob constante proteção policial. "Não me arrependo de ter lutado pela liberdade", afirmou. "Claro que vou tomar uma posição, meu país é atacado, eu sou atacado. Luto por todos os muçulmanos, quero que escolham a liberdade e abandonem o Islã", acrescentou.

Ao contrário de seu rival populista Thierry Baudet, do Fórum para a Democracia, Wilders se manteve afastado de políticos abertamente céticos em relação à pandemia e das teorias da conspiração sobre a crise sanitária.

O partido de Thierry Baudet registrou progressos nas eleições provinciais de 2019, antes de sofrer um revés na sequência de recentes acusações de racismo e antissemitismo.

A situação é diferente da das últimas eleições legislativas de 2017, quando muitos na Europa se perguntavam se Geert Wilders seria impulsionado pela onda de populismo que levou Donald Trump ao poder e pressionou o Reino Unido a votar pelo Brexit.

No entanto, Wilders continua dizendo que deseja que os holandeses sigam o exemplo britânico. "Reconheço que com o Brexit, o Nexit (saída da Holanda da UE) perdeu popularidade. Mas ainda acredito nele. Se fizéssemos um referendo, eu perderia, mas ainda acho que, infelizmente, é a única solução".

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