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Biden enfrenta crescente pressão de republicanos que denunciam uma crise na fronteira

O aumento de pessoas que chegam à fronteira é um desafio político para Biden, que busca reverter muitas das políticas anti-imigração impostas por Trump - Saul Loeb/AFP
O aumento de pessoas que chegam à fronteira é um desafio político para Biden, que busca reverter muitas das políticas anti-imigração impostas por Trump Imagem: Saul Loeb/AFP

15/03/2021 15h37Atualizada em 15/03/2021 16h19

Brownfield, Estados Unidos, 15 Mar 2021 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enfrenta uma pressão crescente dos republicanos por causa do aumento da chegada de migrantes, principalmente menores de idade, à fronteira com o México, situação que a oposição descreve como a primeira crise migratória de seu mandato.

O líder da minoria republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, lidera nesta segunda-feira (15) uma delegação de congressistas que visitará a fronteira do Texas para denunciar o aumento na chegada de migrantes.

Rubia Tabora, uma guatemalteca de 25 anos, cruzou irregularmente a fronteira no Texas com seu filho de um ano para se juntar ao marido que mora na Virgínia.

"No meu país não há trabalho, não há dinheiro", contou à AFP, no final de semana.

Para ela, o fato de Biden estar no governo fez a diferença. "Meu marido me disse para vir agora", acrescentou.

Cerca de 200 migrantes irregulares passaram pela estação de ônibus em Brownsville, Texas, próxima à fronteira com o México, de acordo com associações locais.

Em fevereiro, cerca de 100.000 pessoas foram presas na fronteira sul - incluindo 9.457 menores desacompanhados - um aumento de 28% em relação a janeiro, segundo as autoridades.

Para fazer frente ao fluxo de menores, Alejandro Mayorkas, chefe do Departamento de Segurança Interna (DHS), anunciou que a agência de emergência FEMA apoiará a tarefa de abrigar temporariamente as crianças, em meio a críticas de que as autoridades as mantiveram por longos períodos em espaços superlotados.

"Fora de controle"

O aumento de pessoas que chegam à fronteira é um desafio político para Biden, que busca reverter muitas das políticas anti-imigração impostas por seu antecessor, Donald Trump.

O presidente democrata quer tramitar uma ambiciosa reforma migratória no Congresso, que poderia gerar um caminho para a cidadania de milhões de migrantes sem documentos.

Em Washington, os republicanos denunciam que há uma "crise" na fronteira, mas a Casa Branca se recusa a aceitar essa retórica.

Para o líder da minoria republicana na Câmara, Kevin McCarthy, "essa crise está fora do controle".

Os republicanos temem que a chegada do bom tempo com o verão aumente o fluxo na fronteira. O prefeito da cidade de Uvalde, no Texas, indicou que espera a chegada de entre 25 mil e 30 mil migrantes durante o verão.

"Na nossa área não estamos preparados para lidar com isso", informou o prefeito. "Nossos recursos estão esgotados pela pandemia e também tivemos a tempestade de neve há algumas semanas".

Para o governo Biden, que decidiu suspender acordos assinados por Trump, como o programa "Fique no México" - que obrigava os solicitantes de asilo a esperar do outro lado da fronteira - e reinstaurou a iniciativa CAM de acolhimento de menores vindos da América Central com pais com residência legal nos Estados Unidos, a mensagem é que "a fronteira está fechada" à imigração irregular.

Na semana passada, a secretaria de imprensa da Casa Branca admitiu que se trata de um "grande desafio" e de uma questão central para o presidente, mas descartou a palavra crise.

"Estamos adotando políticas para enfrentar o que consideramos um desafio humano na fronteira", acrescentou a porta-voz do Executivo.

A ampla reforma migratória anunciada pelos democratas em meados de fevereiro não está no calendário para as próximas eleições, uma indicação de que os líderes do partido não têm certeza de que têm os votos necessários.

Enquanto se aguarda o momento, o partido quer votar esta semana na Câmara um projeto de lei que abra caminho para a naturalização dos "dreamers", jovens que vieram quando crianças aos Estados Unidos na companhia dos pais, e a dos agricultores trabalhadores.