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Morte de jovem negro nas mãos da polícia coloca Minneapolis sob tensão

12/04/2021 21h01

Minneapolis, Estados Unidos, 13 Abr 2021 (AFP) - A morte de um jovem negro nas mãos de uma policial que supostamente disparou por acidente ao tentar usar um taser alimentou a tensão nas ruas de Minneapolis, em meio ao julgamento do ex-policial acusado pela morte de George Floyd, que mantém os Estados Unidos sob suspense.

O presidente Joe Biden se pronunciou sobre o ocorrido no fim de semana, dizendo que as manifestações pacíficas são compreensíveis, mas não há "absolutamente nenhuma justificativa" para os saques.

Depois de uma noite marcada por protestos, o prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, decretou um toque de recolher a partir das 19h (21h no horário de Brasília) desta segunda-feira, que também se aplicará à vizinha Saint Paul e aos três condados da área metropolitana, incluindo Hennepin, onde ocorreu o incidente.

Daunte Wright, um afro-americano de 20 anos, foi morto a tiros por "acidente" enquanto dirigia no domingo pelo Brooklyn Center, um subúrbio de Minneapolis, segundo a polícia.

Os agentes haviam ordenado que o motorista do veículo parasse por uma infração de trânsito. Quando descobriram que ele tinha um mandado de prisão pendente, tentaram prendê-lo.

Nesta segunda, o comandante da polícia de Brooklyn Center, Tim Gannon, disse que o caso foi "acidental" e que a policial envolvida não queria atirar, mas confundiu sua arma de fogo com sua pistola elétrica de imobilização. "Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte" de Wright.

A policial, que de acordo com seu superior era uma agente experiente, foi suspensa e seu nome não foi divulgado.

- Morte por asfixia -Essa nova morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia reacendeu o trauma de uma cidade que sofreu várias noites de incidentes após a morte de George Floyd em 25 de maio de 2020.

Na noite de domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão que se reunia em frente à delegacia do Brooklyn Center.

Após os incidentes, a defesa do ex-agente acusado pela morte de Floyd, Derek Chauvin, pediu ao juiz que conduz o processo que isolasse o júri, preocupado que as manifestações pudessem influenciar sua decisão.

"O veredicto neste caso terá consequências", observou o advogado Eric Nelson, perguntando-se se o júri terá confiança para tomar a decisão independentemente de quais sejam as consequências.

Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a isolar o júri. "Vamos isolá-los na segunda-feira, quando antecipamos as alegações finais", informou o magistrado.

Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa.

Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por mais de nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar.

As imagens desencadearam uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo.

A promotoria busca provar que a morte de Floyd foi causada por asfixia por parte da ação de Chauvin durante a prisão, e para isso convocou vários médicos para depor.

Por sua vez, a defesa argumenta que o falecimento está relacionado ao fentanil encontrado em seu sangue, que se soma a fatores de saúde.

Nesta segunda-feira, testemunhou o renomado cardiologista Jonathan Rich, que afirmou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela "asfixia posicional" a que foi submetido.

"Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd", ressaltou Rich.

- "Filhinho da mamãe" -Além disso, Philonise Floyd, um dos irmãos do falecido, foi interrogado com base em uma regra local de Minnesota que permite que os promotores intimem uma pessoa próxima para que os jurados tenham uma visão sobre a personalidade da vítima.

O irmão de Floyd contou - com a ajuda de fotos de família - sobre a predileção de George por sanduíches de maionese e banana, seu amor por esportes e sua proximidade com sua mãe, que morreu em 2018. "Ele era filhinho da mamãe", disse ele em prantos.

Enquanto isso, a poderosa organização de direitos civis ACLU afirmou que a morte de Wright é uma das 260 causadas pela polícia até agora em 2021.

"O que precisa acontecer para que a polícia pare de matar pessoas de cor?", perguntou em um comunicado Ben Crup, o advogado da família Floyd, que também representará os parentes de Wright.

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