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Governo do Haiti renuncia e presidente anuncia novo primeiro-ministro

14/04/2021 10h34

Porto Príncipe, 14 Abr 2021 (AFP) - O governo do Haiti apresentou sua renúncia e o país tem um novo primeiro-ministro, anunciou nesta quarta-feira (14) o presidente Jovenel Moise, ao destacar que a mudança tem como objetivo abordar os graves problemas de insegurança nesta nação em crise.

"A renúncia do governo, que aceitei, permitirá abordar o flagrante problema da insegurança e continuar com as discussões com o objetivo de alcançar os consensos necessários para a estabilidade política e institucional de nosso país", tuitou Moise.

O novo primeiro-ministro é Claude Joseph, que até agora era o ministro das Relações Exteriores.

O país caribenho, o mais pobre do continente americano, sofre um aumento da violência, particularmente de sequestros para extorsão, por parte de gangues, que desfrutam de um alto grau de impunidade.

Jovenel Moise, no centro de uma grande onda de protestos da oposição política e de boa parte da população haitiana, que exige sua saída, nomeou o sexto primeiro-ministro em quatro anos de governo.

O exemplo mais recente da crise no país foi o sequestro no domingo de 10 pessoas, incluindo sete religiosas - cinco haitianas e duas francesas -, perto de Porto Príncipe.

A Igreja católica haitiana denunciou na segunda-feira a falta de ação das autoridades após o crime. As sete religiosas continuam sequestradas.

Outro símbolo da anarquia generalizada que afeta o pequeno país foi a fuga em fevereiro de mais de 400 detentos de uma prisão nas proximidades da capital, durante a qual morreram 25 pessoas, incluindo o diretor da penitenciária.

Claude Joseph substitui como primeiro-ministro Joseph Jouthe, que também é presidente do Conselho Superior da Polícia Nacional e que se mostrou incapaz, em pouco mais de um ano à frente do governo, de enfrentar o aumento da insegurança.

O presidente Jovenel Moise considera que seu mandato vai até 7 de fevereiro de 2022, enquanto para a oposição e parte da sociedade civil seu governo terminou em 7 de fevereiro de 2021.

A divergência é motivada pelo fato de Moise ter sido eleito em uma votação anulada por fraude, e reeleito um ano mais tarde.

Sem Parlamento ativo, o Haiti afundou ainda mais na crise durante 2020 e o presidente governa por decreto, o que alimenta a crescente desconfiança.

Em um cenário de instabilidade, Moise decidiu organizar em junho um referendo constitucional, denunciado como uma mentira pela oposição.

No fim de março, o Conselho de Segurança da ONU pediu ao Haiti, em uma declaração aprovada por unanimidade, que os preparativos eleitorais "visem eleições presidenciais livres, equilibradas, transparentes e confiáveis em 2021".

Redigida pela delegação dos Estados Unidos, a declaração também destaca "a necessidade urgente de celebrar eleições legislativas livres, equilibradas, transparentes e confiáveis, que foram adiadas desde outubro de 2019".

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