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Ex-policial Chauvin se recusa a depor em seu julgamento pela morte de George Floyd

15/04/2021 15h31

Minneapolis, Estados Unidos, 15 Abr 2021 (AFP) - O ex-policial Derek Chauvin disse nesta quinta-feira (15) que não testemunhará em seu julgamento pela morte do afro-americano George Floyd, recorrendo a seu direito constitucional contra a autoincriminação, em um caso que convulsionou os Estados Unidos e cujas alegações finais serão apresentadas a partir de segunda-feira.

"Vou solicitar minha prerrogativa da Quinta Emenda hoje", disse Chauvin ao juiz Peter Cahill.

"É sua decisão não testemunhar?", perguntou o juiz ao ex-policial de 45 anos, que vestia um terno cinza com camisa azul escura e gravata azul.

"Isso mesmo, meritíssimo", respondeu Chauvin, que enfrenta acusações de assassinato em segundo grau e homicídio culposo na morte de Floyd em 25 de maio de 2020.

Eric Nelson, o advogado de Chauvin, perguntou-lhe se ele entendia que "nem o Estado nem o tribunal podem interpretar seu silêncio como um sinal ou indicação de culpa".

O ex-agente disse que entendeu.

Já a acusação disse que convocaria uma última testemunha.

Chauvin, que é branco, foi pego ajoelhado no pescoço do homem negro de 46 anos por mais de nove minutos depois de prendê-lo por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares.

Um vídeo dessa prisão feito por transeuntes viralizou, gerando protestos contra a injustiça racial e a brutalidade policial nos Estados Unidos e em todo o mundo.

- "Baixo nível de oxigênio" -A defesa de Chauvin alega que a morte de Floyd se deveu a condições de saúde pré-existentes e ao uso de fentanil e metanfetamina.

Mas especialistas médicos convocados pela promotoria disseram que a morte de Floyd foi causada por um "baixo nível de oxigênio" devido à pressão no pescoço e não por drogas ou doenças pré-existentes.

Vários policiais testemunharam que força excessiva foi usada contra Floyd e o chefe de polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, disse que Chauvin violou as políticas de treinamento e "valores" da instituição.

Na segunda-feira, Nelson pediu ao juiz que isolasse o júri depois que protestos eclodiram em Minneapolis após a morte de um homem negro de 20 anos nas mãos da polícia.

O juiz negou o pedido e disse que o júri ficaria isolado após as alegações finais, que começam na segunda-feira.

Depois que Chauvin disse que não testemunharia e a promotoria chamou sua última testemunha, o juiz deu ao júri um dia de folga na sexta-feira, antes que a fase final do processo comece na segunda-feira.

- Mais tensão em Minneapolis -Ao mesmo tempo, Kim Potter, a policial que atirou e matou Daunte Wright no domingo no subúrbio de Minneapolis depois de confundir sua pistola com sua arma de choque elétrico, segundo ela, foi preso nesta quarta-feira por homicídio culposo.

E Minneapolis, Minnesota, foi abalada por violentos protestos noturnos após a morte de Wright durante um controle de tráfego.

Potter, uma policial de 26 anos que renunciou após a morte de Wright, pode pegar no máximo 10 anos de prisão se for condenada por homicídio culposo em segundo grau.

Ela deve comparecer ao tribunal na quinta-feira para uma audiência preliminar, depois de ser libertada sob fiança de cem mil dólares.

Assim, as tensões raciais na região foram agravadas após o julgamento de Chauvin. O ex-policial pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave sobre a morte de Floyd: homicídio em segundo grau.

A condenação por qualquer uma das acusações contra Chauvin depende de um veredicto unânime do júri composto por nove mulheres e cinco homens.

Chauvin, que trabalhava para o Departamento de Polícia de Minneapolis há 19 anos, foi demitido do cargo após a morte de Floyd.

Três outros ex-policiais implicados na prisão de Floyd serão julgados separadamente ainda este ano.

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