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EUA e Japão prometem enfrentar juntos 'desafios' da China

17/04/2021 11h42

Washington, 17 Abr 2021 (AFP) - Joe Biden e o premier do Japão, Yoshihide Suga, primeiro líder estrangeiro recebido em Washington pelo novo presidente americano, comprometeram-se na sexta-feira (16) a enfrentar juntos "os desafios" que a China representa.

"Estamos decididos a trabalhar juntos em problemas como o Mar da China Oriental, Mar da China Meridional e a Coreia do Norte", disse Biden durante entrevista coletiva na Casa Branca. "Trabalhamos juntos para mostrar que as democracias podem vencer os desafios do século XXI trazendo resultados para seus povos", afirmou.

Concordando com Biden, o chefe de governo japonês mencionou uma aliança entre os dois países baseada "na liberdade, democracia e nos direitos humanos". Também afirmou que ambos irão se opor a "qualquer tentativa chinesa de mudar o status quo pela força, ou pela intimidação, nos mares da China Meridional e Oriental".

A escolha do líder japonês como primeiro convidado à Casa Branca não foi por acaso e mostra a prioridade que o presidente americano dá aos principais aliados dos Estados Unidos, principalmente na Ásia, onde está localizado o maior adversário estratégico de Washington.

Biden afirmou que trabalhará com Tóquio para "promover redes 5G confiáveis e seguras". Sua delegação falou em um "compromisso muito substancial", de 2 bilhões de dólares, assumido pelo Japão em associação com os Estados Unidos. O presidente americano assinalou que as tecnologias que estão no centro da competição global são "governadas por padrões estabelecidos por democracias, e não por autocracias".

Os dois líderes também conversaram sobre a tensão crescente envolvendo Taiwan, que denuncia ações cada vez mais hostis por parte da China, e a estratégia para a Coreia do Norte, que o presidente americano deve revelar em breve.

No comunicado conjunto, destacaram "a importância da paz e da estabilidade no estreito de Taiwan. Esta foi a primeira vez que um dirigente japonês emitiu uma declaração comum com um presidente americano sobre Taiwan desde que os dois aliados reconheceram Pequim, em detrimento de Taipei, nos anos 1970.

Em uma nota divulgada neste sábado, a embaixada da China nos Estados Unidos reagiu, manifestando seu "forte descontentamento" com estes comentários, que afetam interesses fundamentais de Pequim. O texto afirma ainda que o governo não vai tolerar "qualquer ingerência" em seus assuntos internos.

"Não pode ser mais irônico que uma tentativa deste tipo de incitar a divisão na (região) Ásia-Pacífico e construir pequenos blocos dirigidos contra países terceiros seja apresentado como 'a liberdade e a abertura'", disse a embaixada, em referência à vontade americana de construir uma "região indo-pacífica livre e aberta".

- "Desafios fundamentais" -Segundo um alto funcionário do governo de Joe Biden, a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, anunciada esta semana, "vai liberar tempo, atenção e recursos" para se concentrar "nos desafios fundamentais do século XXI, que se encontram na região indo-pacífica".

A Casa Branca celebrou que Suga tenha "anunciado que se somará aos Estados Unidos para revelar um novo objetivo" de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, às vésperas da grane cúpula climática virtual que Biden organizará em uma semana.

O primeiro-ministro japonês reiterou ainda sua "determinação" de organizar os Jogos Olímpicos "neste verão" boreal (inverno no Brasil) em Tóquio, no momento em que a persistência da pandemia da covid-19 reaviva as especulações sobre um novo cancelamento do evento.

Suga teve de explicar a Biden suas reservas em relação à tentativa dos Estados Unidos de envolver mais abertamente o Japão em seu embate com a China, uma vez que a economia japonesa ainda depende em grande parte do comércio com Pequim.

Nos últimos meses, Tóquio se absteve de se somar às sanções americanas contra a repressão dos muçulmanos uigures por parte das autoridades chinesas.

Segundo Michael Green, ex-assessor do ex-presidente George W. Bush para assuntos asiáticos e atual vice-presidente do Centro para os Estudos Estratégicos e Internacionais, "o governo Biden está preocupado com a agressividade crescente da China e o terreno perdido pelos Estados Unidos naquela região nos últimos anos, por isso deseja "recuperar rapidamente o tempo perdido".

O Japão, por sua vez, quer seguir uma estratégia mais cautelosa, "de forma que há matizes na manifestação pública de suas posições, mas, em geral, ambos caminham na mesma direção", apontou Green.

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