Morte e desespero em hospital de Nova Delhi
Nova Délhi, 24 Abr 2021 (AFP) - Quase sem respirar, Shyam Narayan foi levado a um hospital de Nova Delhi, mas sua família percebeu rapidamente que a sobrecarregada equipe médica nada poderia fazer por ele.
Narayan foi uma das vítimas da nova onda do coronavírus que está assolando a Índia, onde milhares de pessoas chegam aos hospitais e descobrem que não há leitos, falta oxigênio e remédios que podem salvar vidas.
No Hospital Guru Teg Bahadur (GTB), no nordeste de Delhi, Narayan e sua família chegaram em meio a um balé de ambulâncias, riquixás e outros veículos transportando pacientes com covid-19.
Todos esperaram a liberação de leitos no hospital.
- Luta por oxigênio -A família de Narayan tentou, durante a noite, em algum hospital, encontrar um leito de terapia intensiva com oxigênio.
Mas em todos os centros a resposta foi negativa, de acordo com Ram, irmão de Shyam.
"Meu irmão tem cinco filhos. O que vou dizer à esposa dele?", pergunta Ram.
O hospital GTB também não tinha leitos disponíveis, assim como as outras instalações médicas em Delhi, que estão lutando para obter oxigênio.
Tudo isso ocorre em um contexto dramático para o país: a Índia registrou 2.624 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, um recorde diário, além de 340.000 novos casos, elevando o número total de infecções a 16,5 milhões.
Isso fez com que os hospitais ficassem saturados de pacientes e faltasse oxigênio para salvar vidas.
A morte de Narayan, do lado de fora do hospital, é um fato que, infelizmente, acontece com frequência neste país.
E certamente seu caso não será contabilizado nas estatísticas oficiais: seu corpo sem vida foi levado para outro lugar, sem ser formalmente admitido no centro.
Na entrada do GTB, os seguranças impedem a entrada dos enfermos e explicam que os quartos já estão lotados.
Alguns, com seus parentes, decidem ficar e esperar do lado de fora. Outros continuam sua busca desesperada em outros hospitais.
- Morte em família -Exausto, Mohan Sharma, de 17 anos, aguarda com seu avô de 65 anos, dando-lhe água e encorajamento, ajudando-o a colocar uma máscara de oxigênio.
Menos de 24 horas antes, o pai de Mohan Sharma morreu de coronavírus, na mesma fila, em frente ao hospital.
"Ele estava ficando sem fôlego, não conseguia respirar, tirou a máscara, chorou e disse 'me salve, por favor, me salve'", explica o filho.
"Mas não pude fazer nada. Só pude vê-lo morrer."
E sem tempo para pensar em luto, o adolescente agora tem que ajudar seu avô.
A família conseguiu encontrar um leito para ele, mas o avô está desesperado pelo ambiente assustador.
"Havia três cadáveres bem perto, e isso o apavorou, ele disse que também não ia sobreviver. Tive que levá-lo para fora, e agora ele está descansando", diz Sharma.
Pessoas que conseguiram entrar no hospital descrevem os corredores lotados, com leitos ou macas ocupadas por duas ou até três pessoas.
O cilindro de oxigênio do avô de Sharma está quase vazio e não há garantia de que possa ser substituído.
mbr-arc/tw/oho/me/es/gf
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