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Independentistas na Escócia esperam maioria absoluta após eleições

08/05/2021 12h13

Edimburgo, 8 Mai 2021 (AFP) - Dois dias após as eleições locais no Reino Unido, os olhos estão voltados para a Escócia, onde os partidários por independência esperam ganhar a maioria absoluta no parlamento local e, ao mesmo tempo, promover a causa de um novo referendo a favor da autonomia.

A "super quinta-feira" das eleições locais no Reino Unido, cujos resultados surgem a conta-gotas, testa a popularidade do Partido Conservador de Boris Johnson e a unidade do país.

Os nacionalistas escoceses pretendem obter a maior vitória possível para forçar o chefe do governo britânico a aceitar um novo referendo sobre a independência da Escócia.

Os resultados anunciados na Inglaterra na sexta-feira são um bom presságio para os conservadores, que ganharam espaço e até conquistaram o reduto trabalhista de Hartlepool (nordeste), que sempre tinha votado no Partido Trabalhista em quase 50 anos.

Essa vitória fortaleceu o primeiro-ministro, apesar de uma série de escândalos sobre os vínculos estreitos entre o poder e os interesses privados. E prolongam o avanço dos conservadores nas legislaturas de 2019, no chamado "muro vermelho" trabalhista, áreas do norte da Inglaterra afetadas pela desindustrialização e favoráveis ao Brexit.

Na Escócia, por sua vez, os conservadores estão longe de ter uma posição de força, e a popular Nicola Sturgeon, líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), deve seguir como primeira-ministra.

Seu partido se encaminha para o quatro mandato consecutivo, após consolidar sua posição e ter conseguido dois redutos eleitorais essenciais dos conservadores e outro dos trabalhistas.

De acordo com os resultados anunciados neste sábado, seu partido consolidou sua base em muitos distritos, de um total de 56 zonas eleitorais o SNP saiu vencedor em 47. No entanto, o partido não tem certeza de alcançar sua meta de 65 das 129 cadeiras no parlamento local de Holyrood.

- "Montanha a escalar" -"O SNP será de longe o maior partido no Parlamento escocês, e a questão de saber se teremos maioria absoluta, que sempre foi uma montanha muito, muito difícil para escalarmos, será determinada pelos resultados anunciados hoje", disse à BBC neste sábado o vice-primeiro-ministro escocês, John Swinney.

No entanto, ele estima que haverá uma maioria de deputados "que se comprometeram a organizar um referendo sobre a independência da Escócia".

Johnson, que deve autorizar este referendo, opõe-se veementemente a tal, considerando que essa consulta só pode ser feita uma vez por geração. Em 2014, 55% dos eleitores votaram pela permanência no Reino Unido.

Os defensores de um novo referendo apontam que o Brexit, ao qual 62% dos escoceses foram contra, mudou o cenário.

"Acho que um referendo no contexto atual é irresponsável e imprudente", afirmou Johnson ao jornal Telegraph.

Sturgeon aposta na carta da prudência, prometendo organizar um referendo "no devido tempo", uma vez que a crise na saúde seja vencida.

Por sua vez, o Partido Trabalhista está perplexo após a derrota em Hartlepool, que deixou o líder do partido Keir Starmer "amargamente decepcionado". Ele prometeu fazer "todo o possível" para reconquistar a confiança dos eleitores.

Os trabalhistas podem presumir de resultados muito bons no País de Gales, onde conquistaram 30 das 60 cadeiras no parlamento local, contra 16 dos conservadores, permitindo-lhes permanecer no poder.

A trabalhista Joanne Anderson, de 47 anos, foi eleita prefeita de Liverpool (norte da Inglaterra), tornando-se a primeira mulher negra eleita à frente de uma grande cidade britânica.

Em Londres, o trabalhista Sadiq Khan, que em 2016 foi o primeiro muçulmano a governar uma importante capital ocidental, é o favorito para um segundo mandato contra o conservador Shaun Bailey, mas os resultados esperados no sábado se mostraram mais apertados do que o esperado.

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