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Independentistas na Escócia reivindicam maioria e desafiam Boris Johnson

08/05/2021 16h04

Edimburgo, 8 Mai 2021 (AFP) - Os partidários pró-independência escoceses do SNP reivindicaram neste sábado (8) uma maioria no parlamento local a favor da separação do Reino Unido, o que, segundo eles, obriga Londres a aceitar um novo referendo de autodeterminação rejeitado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Dois dias após a "super quinta-feira" das eleições locais no Reino Unidos, os resultados surgem a conta-gotas. Na Inglaterra, os resultados são um bom presságio para os conservadores no poder, que conseguiram garantir cadeiras em territórios tradicionalmente trabalhistas como Hartlepool (nordeste).

Na Escócia, onde os conservadores são minoria, os nacionalistas escoceses da popular primeira-ministra Nicola Sturgeon consolidaram sua supremacia, embora a última previsão da BBC deste sábado dê 63 cadeiras ao SNP, a dois da maioria absoluta no parlamento local escocês, de um total de 129 assentos.

Diante dessas perspectivas, Sturgeon alertou neste sábado o chefe do governo britânico contra qualquer recusa em autorizar um referendo de autodeterminação após esta vitória esperada.

"Simplesmente não há justificativa democrática para Boris Johnson, ou quem quer que seja, tentar bloquear o direito do povo escocês de escolher seu próprio futuro", afirmou Sturgeon em um discurso.

"Aparentemente, não há dúvida de que haverá uma maioria pró-independência neste parlamento", acrescentou a primeira-ministra escocesa, aludindo aos ambientalistas verdes, que também são a favor da realização de um referendo.

"É a vontade deste país", concluiu Sturgeon, alertando que qualquer iniciativa dos conservadores para impedir um novo referendo os colocaria "em oposição direta à vontade do povo e demonstraria que o Reino Unido não é um parceiro igualitário."

Johnson, que deve autorizar este referendo, opõe-se veementemente a tal, considerando que essa consulta só pode ser feita uma vez por geração. Em 2014, 55% dos eleitores votaram pela permanência no Reino Unido.

"Acho que um referendo no contexto atual é irresponsável e imprudente", criticou Johnson ao jornal Telegraph.

Mas os partidários de um novo referendo apontam que o Brexit, que teve a oposição de 62% dos escoceses, mudou as coisas.

No entanto, Sturgeon joga a carta da prudência, prometendo organizar um referendo "no devido tempo", uma vez superada a crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19.

- Onda conservadora segue forte -Por outro lado, em nível nacional, e apesar de uma série de escândalos sobre ligações estreitas entre poder e interesses privados, Johnson conseguiu manter os avanços que os conservadores alcançaram nas eleições legislativas de 2019 no chamado "muro vermelho" trabalhista, áreas do norte da Inglaterra afetadas pela desindustrialização e favoráveis ao Brexit.

Por sua vez, o Partido Trabalhista está perplexo após a derrota em Hartlepool, que deixou o líder do partido Keir Starmer "amargamente decepcionado". Ele prometeu fazer "todo o possível" para reconquistar a confiança dos eleitores.

Os trabalhistas podem presumir de resultados muito bons no País de Gales, onde mantêm o controle do parlamento local, permitindo-lhes permanecer no poder.

A trabalhista Joanne Anderson, de 47 anos, foi eleita prefeita de Liverpool (norte da Inglaterra), tornando-se a primeira mulher negra eleita à frente de uma grande cidade britânica.

Em Londres, o trabalhista Sadiq Khan, que em 2016 foi o primeiro muçulmano a governar uma importante capital ocidental, é o favorito para um segundo mandato contra o conservador Shaun Bailey, mas os resultados esperados neste sábado se mostraram mais apertados do que o esperado.

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