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UE e Índia buscam reforçar parceria

08/05/2021 08h50

Porto, Portugal, 8 Mai 2021 (AFP) - A União Europeia e a Índia vão estreitar suas relações por ocasião de uma cúpula neste sábado (8) no Porto, com a retomada das negociações de um acordo de livre comércio e aumento da cooperação na área da saúde.

"As expectativas são altas. Por isso estou convencido de que daremos um grande passo. Entre a UE e a Índia há um grande potencial inexplorado", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, devia juntar-se aos líderes dos 27 reunidos nesta cúpula informal em Portugal, mas foi forçado a cancelar a sua viagem devido à situação da epidemia, que já matou mais de 230.000 em seu país de 1,3 bilhão de habitantes.

A reunião por videoconferência, que decorrerá a partir das 13h00 (9h00 de Brasília), será concluída com a adoção de uma declaração conjunta e o anúncio da retomada das negociações comerciais.

Produtores de vacinas e considerados as "farmácias do mundo", UE e Índia também vão se posicionar sobre a necessidade de respostas globais às próximas pandemias.

"A urgência é produzir mais e ter mais solidariedade", afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron. "Os anglo-saxões devem primeiro acabar com as proibições de exportação", insistiu ele.

"A UE é a única democracia que exporta maciçamente" a sua produção de vacinas, sublinhou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Depois do apoio do governo americano - imitado pelo papa Francisco neste sábado - ao levantamento das patentes das vacinas anticovid, Narendra Modi poderia aproveitar a oportunidade para tentar convencer os europeus ainda céticos sobre essa proposta.

Manter a cúpula no nível dos líderes dos 27 "é um forte sinal político para a Índia", garantiu uma autoridade europeia à AFP.

Além da questão sanitária, a China será "o elefante na sala", observou um diplomata. O anúncio da retomada das negociações com a Índia ocorre no momento em que o acordo de investimentos firmado no final de 2020 com Pequim foi suspenso devido a tensões sobre direitos humanos.

"A Índia optou por investir mais na relação com a UE por causa da China e do Brexit que obriga Nova Délhi a não mais considerar Londres como sua única entrada na UE", explicou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

"O anúncio previsto para sábado é a retomada oficial das discussões suspensas em 2013, com base no mandato existente, e o objetivo é cobrir todas as áreas do comércio", explicou uma autoridade europeia.

"Não será fácil nem rápido", admitiu. Principalmente porque a UE não vai se esquivar das questões relacionadas aos direitos humanos, garantiu.

"A Índia é um país muito protecionista e mesmo sendo uma grande democracia as questões dos direitos humanos são muito delicadas", apontou.

Mas a vontade de cooperação é real e estão previstos anúncios concretos, incluindo um acordo sobre a proteção das indicações geográficas, uma parceria de conectividade com investimentos em transportes e infraestruturas, compromissos de cooperação para a segurança marítima e combate ao cibercrime.

"Isso não significa que UE e Índia formarão um bloco entre os Estados Unidos e a China", alertou, porém, a autoridade europeia.

"A Índia é um país não alinhado, ligado aos Estados Unidos no âmbito do 'Quad' (aliança informal entre EUA, Japão, Índia e Austrália), mas não quer ser um 'parceiro júnior' e neste ponto se aproxima da UE", explicou.

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