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Disparos de foguetes e mortes após um novo dia de violência em Jerusalém

10/05/2021 15h13

Jerusalém, 10 Mai 2021 (AFP) - Pelo menos nove pessoas, incluindo três crianças e um comandante do Hamas, foram mortas em bombardeios israelenses no norte da Faixa de Gaza nesta segunda-feira(10), disseram as autoridades locais.

"Nove mártires, três deles crianças e um número de feridos, chegaram ao hospital Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza", disse à AFP o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza.

O ataque "tinha como alvo o comandante das Brigadas Al Qasam (braço armado do Hamas) Muhamad Fayad em Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza", disse uma fonte do movimento islâmico, confirmando a morte deste alto funcionário.

O exército israelense confirmou que realizou os ataques no norte do enclave e teve como alvo um comandante do Hamas, mas não pôde "confirmar ou não" que essas mortes estiveram relacionadas à ofensiva.

Salvas de foguetes foram disparadas da Faixa de Gaza contra Israel nesta segunda-feira, no final de um novo dia de violência em Jerusalém Oriental, onde confrontos entre palestinos e policiais israelenses deixaram mais de 300 feridos.

Sirenes de alarme soaram em Jerusalém, onde o Muro das Lamentações foi evacuado.

O movimento islâmico armado Hamas, no poder na Faixa de Gaza, ameaçou Israel caso suas forças não se retirassem nesta segunda-feira à noite da Esplanada das Mesquitas, um lugar ultrassensível entre palestinos e israelenses no centro da cidade Velha de Jerusalém.

O Hamas deu a Israel "até as 18h desta noite (segunda-feira às 12h de Brasília) para retirar seus soldados" da Esplanada das Mesquitas e do bairro Sheikh Jarrah em Jerusalém Oriental, advertiu o porta-voz do braço em nota.

Às 18h, foguetes foram lançados do leste e do norte da Faixa de Gaza em direção a Israel.

No dia anterior, balões incendiários e foguetes foram lançados do enclave palestino para o território do sul de Israel em apoio aos manifestantes de Jerusalém.

Dois dos sete foguetes foram interceptados pelo sistema antimíssil israelense.

Em retaliação, o exército disparou contra os "postos militares" do Hamas em Gaza e fechou a passagem de fronteira de Erez, a única que permite que os habitantes de Gaza entrem em Israel.

Os disparos são registrados no quarto dia de confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses em Jerusalém Oriental, um setor palestino da cidade ocupado ilegalmente e anexado por Israel.

- Mais de 300 feridos -Pela manhã, centenas de palestinos dispararam projéteis contra as forças de segurança israelenses na Esplanada das Mesquitas.

Os policiais responderam com balas de borracha e gás lacrimogêneo.

À tarde, a situação estava mais calma, mas a tensão ainda era evidente.

O Crescente Vermelho Palestino relatou mais de 305 palestinos feridos, dos quais mais de 200 tiveram que ser evacuados por ambulâncias.

A polícia israelense, que advertiu para não deixar "extremistas ameaçarem a segurança do público", relatou nove policiais feridos.

Esses confrontos coincidiram com a celebração nesta segunda-feira, de acordo com o calendário hebraico, do "Dia de Jerusalém" que marca a conquista da parte oriental da cidade por Israel em 1967.

A "marcha de Jerusalém", muitas vezes envolvida em distúrbios e que reuniu milhares de israelenses na Cidade Velha, foi finalmente cancelada.

"Não dançaremos em uma Jerusalém dividida", disse a organização Am Kalavi. A polícia pediu aos palestinos que não saíssem de suas casas para evitar a violência.

Diante do aumento da violência, o Conselho de Segurança da ONU, a pedido da Tunísia, deve se reunir nesta segunda-feira para tratar da situação em Jerusalém Oriental.

- Apelos internacionais -Em meio a crescentes apelos internacionais por calma, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu elogiou nesta segunda-feira a "firmeza" das forças de segurança para garantir a "estabilidade" em Jerusalém e criticou a cobertura "enganosa" da "mídia internacional".

Por sua vez, a Autoridade Palestina de Mahmoud Abas denunciou "uma agressão bárbara" das forças israelenses.

Na sexta-feira à noite, mais de 200 pessoas ficaram feridas em confrontos entre policiais e palestinos na esplanada, nos confrontos mais violentos desde 2017 neste setor.

No sábado e no domingo, a calma voltou à praça, mas a luta se espalhou para outras áreas de Jerusalém Oriental, onde mais de 100 pessoas ficaram feridas, segundo o Crescente Vermelho.

Uma das causas da recente tensão em Jerusalém Oriental é o futuro de várias famílias palestinas do bairro Shaykh Jarrah, ameaçadas de expulsão em benefício dos colonos israelenses. Nesse contexto, a justiça israelense adiou uma audiência sobre o caso marcada para esta segunda-feira.

Os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, pediram a "autoridades israelenses e palestinas que ajam para acabar com a violência" e expressaram preocupação com "a possível expulsão das famílias palestinas do xeque Jarrah".

A União Europeia e vários países árabes pediram calma e moderação. A Turquia prometeu fazer todo o possível "para acabar com o terrorismo e a ocupação israelense".

Na Jordânia, país em paz com Israel desde 1994, mais de 1.500 pessoas se manifestaram nesta segunda-feira para exigir a "expulsão" do embaixador israelense.

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