ONGs pedem distribuição mais justa do esforço contra mudança climática
Paris, 11 Mai 2021 (AFP) - Várias ONGs pediram uma distribuição mais justa entre os países do esforço contra a mudança climática e que as nações ricas ajudem as mais pobres a alcançarem os objetivos do Acordo de Paris.
Em virtude do Acordo de Paris de 2015, os Estados se comprometeram a limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C, em relação aos níveis pré-industriais, ou mesmo 1,5°C. Para isso, devem apresentar suas contribuições, atualizadas a cada cinco anos, indicando sua trajetória.
O que não se estabeleceu em Paris, porém, é "como comparar os compromissos individuais entre si", explica à AFP Brandon Wu, da ActionAid USA.
"É importante que esses compromissos acumulados levem à meta de 1,5°C, mas também que sejam justos entre si", defende.
O conceito, que há anos vem ganhando adeptos entre os grupos ambientalistas e de direitos humanos, é simples: consiste em levar em consideração as emissões de gases causadores do efeito estufa acumuladas pelos países ao longo do tempo e a capacidade de um país, incluindo sua riqueza, de ajudar os demais a reduzirem suas próprias emissões.
"Pode parecer complexo, mas é apenas uma questão de ética. Quem causou essa bagunça? Tem que encontrar uma solução", diz Brandon Wu.
Uma coalizão de 175 grupos ambientalistas lançou o programa "US Climate Fair Share". Segundo estes cálculos, os Estados Unidos não deveriam reduzir suas emissões em 50% até 2030, mas em 195% em relação aos níveis de 2005.
"Não estamos pedindo emissões negativas, nem nada parecido. Estamos pedindo financiamento internacional para ajudar a reduzir as emissões em outros lugares", insistiu Brandon Wu.
A maneira como são distribuídas as reduções das emissões de gases causadores do efeito estufa é "uma questão política e ética. Como um cidadão engajado, não apenas um cientista, acredito que países como os Estados Unidos, com um legado de dois séculos de poluição de CO2, têm um dever especial e devem tomar a iniciativa ", afirma o cientista americano especializado em clima Michael Mann.
Há muito tempo, os Estados Unidos são o maior emissor mundial, com 28% das emissões desde 1850. Rússia responde por 8%; Alemanha, por 7%; e Reino Unido, por 6%, conforme o Instituto de Recursos Mundiais.
pg-meb/tjc/tt
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