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Vários estados suspendem vacinação de grávidas com AstraZeneca

11/05/2021 18h20

Rio de Janeiro, 11 Mai 2021 (AFP) - A maioria dos estados brasileiros anunciaram nesta terça-feira (11) a suspensão da imunização de gestantes com a vacina anticovid da AstraZeneca, seguindo uma recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após "evento adverso" investigado pelo Ministério da Saúde.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o ministério investiga a morte de uma mulher no Rio de Janeiro, vacinada com este fármaco.

Questionado sobre o caso, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, afirmou que "já tomou conhecimento" "desse acontecimento adverso" e que adotou "as medidas cabíveis".

"No momento certo faremos todos os esclarecimentos", acrescentou.

Pelo menos 22 dos 27 estados brasileiros solicitaram ou planejam aplicar o imunizante em mulheres grávidas, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, e quase todos suspenderam temporariamente seu uso, de acordo com o portal de notícias G1.

A Secretaria de Saúde do município do Rio informou que decidiu suspender, "por precaução", a vacinação de gestantes e puérperas da capital, até que a investigação seja concluída. Esta medida também foi recomendada para os demais municípios fluminenses.

O estado de São Paulo também suspendeu a vacinação de gestantes com comorbidades, que deveria começar nesta terça-feira.

O Piauí (nordeste) vai permitir a vacinação das gestantes que quiserem se imunizar com o AstraZeneca, mas vão precisar de avaliação médica, segundo a mídia local.

A AstraZeneca Brasil indicou em comunicado que seus ensaios clínicos não incluíram mulheres grávidas e puérperas (uma "precaução comum" nesses estudos), mas que "estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos em relação à gravidez ou ao desenvolvimento fetal".

- Uso não descrito -Vários países europeus restringiam a aplicação do imunizante da AstraZeneca a pessoas abaixo de certas idades, devido à rara ocorrência de coágulos sanguíneos entre milhões de vacinados. Essas decisões minaram a confiança nessa vacina.

No Brasil, a Anvisa recomendou "a suspensão imediata do uso da vacina anglo-sueca" em gestantes, argumentando que sua aplicação neste grupo não está prevista na bula do medicamento.

"A orientação é resultado da vigilância constante dos eventos adversos nas vacinas anticovid que são usadas no país", informou a Anvisa em seu comunicado, sem dar detalhes sobre o caso em investigação.

"O uso off-label, ou não descrito, só deve ser feito por meio de avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para o paciente.

Margareth Dalcolmo, pneumologista da Fiocruz (vinculada à produção da vacina da AstraZeneca), avalia que "a Anvisa fez o que tinha que fazer".

"Não podemos ficar contra essa decisão", disse à AFP. Mas isso não pode causar problemas e atraso [na vacinação] da população geral", ressaltou.

O país, de 212 milhões de habitantes, já vacinou 32 milhões de pessoas com a primeira dose de uma das vacinas autorizadas e 15,3 milhões com outro imunizante.

Também acumula mais de 423 mil mortes por coronavírus, balanço superado apenas pelos Estados Unidos, e passa por um agravamento da segunda onda.

- Mulheres grávidas devem receber doses da Pfizer -O Brasil está imunizando grande parte de sua população com a vacina da CoronaVac (produzida em associação com o Instituto Butantan de São Paulo), em menor medida com a da AstraZeneca/Oxford e, recentemente, começou a administrar algumas doses importadas da Pfizer/BioNTech nas capitais.

"É comum uma suspensão como essa. Quando surge um evento adverso, é preciso parar para investigar", disse à AFP a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

No entanto, "desde o início apontamos que era melhor usar a vacina Pfizer para gestantes, porque era a única que já tinha estudos e evidências de que não tinha efeitos graves neste grupo", acrescentou.

O Brasil tem um contrato para receber cerca de 100 milhões de doses da Pfizer até o final do ano, mas até agora recebeu pouco mais de 1,5 milhão.

Na ausência dessa injeção, as autoridades poderiam usar a CoronaVac para mulheres grávidas, disse Maciel, que apesar de não ter estudos específicos para este grupo utiliza uma tecnologia que já se mostrou segura, também presente nas vacinas contra a gripe, afirmou.

"O importante agora é tranquilizar as pessoas que tomaram a primeira dose do AstraZeneca: se não apresentaram nenhum sinal ou sintoma, devem voltar para tomar a segunda", exortou Maciel.

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