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Italiano ligado a escândalo do Vaticano é preso em Londres

12/05/2021 11h33

Londres, 12 Mai 2021 (AFP) - O empresário italiano Gianluigi Torzi, ligado ao Vaticano pela controversa compra de uma propriedade de luxo, foi preso em Londres, informaram fontes judiciais nesta quarta-feira (12).

O homem de 42 anos compareceu ao tribunal de Westminster "após uma ordem emitida pela Itália", explicou à AFP um funcionário judicial.

"Ele ficará em prisão preventiva até 18 de maio", quando será definida a data da extradição solicitada pela Itália, que o acusa de fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

Ao determinar sua prisão, a Procuradoria de Roma considerou que "Gianluigi Torzi, com a colaboração de testas de ferro e de homens de confiança, usou várias empresas, inclusive com sede no exterior, como fachada para sua atividade empresarial, em grande parte baseada na sonegação de impostos, que prevê a utilização de receitas ilícitas em especulação financeira".

Por sua vez, a justiça do Vaticano, que solicitou assistência jurídica às autoridades italianas, investiga Torzi por opacos arranjos financeiros e pela rede de empresas e consultorias, quase todas italianas, que criaram um rombo de mais de 454 milhões de euros (cerca de US$ 500 milhões) nas finanças da Santa Sé.

De acordo com a investigação italiana, Torzi transferiu parte de seus lucros para duas empresas inglesas e investiu em ações de companhias listadas na bolsa de valores italiana, envolvendo um valor superior a 4,5 milhões de euros (5,3 milhões de dólares).

Em um evento incomum, o Vaticano deteve Torzi por alguns dias em junho de 2020 no âmbito da investigação aberta após o escândalo provocado pela compra de um imóvel de luxo em Londres com recursos da Secretaria de Estado.

No obscuro investimento de mais de 400 milhões de dólares para a aquisição de um edifício no coração financeiro de Londres, ocorrida entre 2014 e 2018, Torzi teria recebido milhões de euros a título de comissão.

O Vaticano pediu o congelamento dos bens de Torzi em Londres, mas um juiz inglês reverteu o congelamento das três contas bancárias do corretor italiano porque o Vaticano não apresentou provas suficientes para o caso.

Em novembro, o papa Francisco retirou os fundos da Secretaria de Estado e ordenou o corte de todos os vínculos com o fundo de investimento suspeito como parte de uma campanha interna em favor da transparência de suas contas.

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