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Conselho da ONU sem posição sobre uma crise no Oriente Médio que pode se tornar 'incontrolável'

16.mai.2021 - Imagem mostra incêndio após ataques aéreos de Israel contra alvos na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas - Mohammed Abed/AFP
16.mai.2021 - Imagem mostra incêndio após ataques aéreos de Israel contra alvos na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas Imagem: Mohammed Abed/AFP

Da AFP

16/05/2021 15h21

O Conselho de Segurança discutia neste domingo (16) uma declaração sobre os confrontos no Oriente Médio, que segundo o secretário-geral da ONU pode "desencadear uma crise incontrolável".

"O massacre continua hoje", disse Antonio Guterres ao iniciar uma sessão virtual de emergência do Conselho, que paralelamente negocia uma declaração que por enquanto não tem o apoio dos Estados Unidos.

"Este ciclo insensato de derramamento de sangue, de terror, de destruição, deve parar imediatamente", afirmou o chefe da ONU durante a reunião, a primeira e a terceira desde segunda-feira, organizada a pedido da China, Noruega e Tunísia.

Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Palestina, Riyad Al-Maliki, denunciou a "agressão" de Israel contra o "povo" palestino e seus "lugares sagrados".

O embaixador israelense nos Estados Unidos e na ONU, Gilad Erdan, acusou o movimento palestino Hamas de ter "premeditado" uma guerra com Israel e de querer "tomar o poder na Cisjordânia".

Segundo diplomatas, o Conselho está negociando uma declaração, mas o apoio dos Estados Unidos continua incerto.

Até agora, Washington optou por esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo e considera que uma declaração do Conselho seria "contraproducente".

"Os Estados Unidos disseram claramente que estão preparados para dar seu apoio e bons ofícios caso as partes busquem um cessar-fogo", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, na sessão. "Israelenses e palestinos têm o mesmo direito de viver em segurança", acrescentou.

Essa posição de privilegiar a diplomacia não é compartilhada pela maioria do Conselho, especialmente os aliados tradicionais de Washington. A China lamentou a "obstrução" dos EUA a uma declaração e instou o Conselho a "agir" para encerrar as hostilidades.

Apelo incisivo

Guterres fez um apelo incisivo: "Os confrontos devem parar imediatamente" porque "eles podem levar israelenses e palestinos a uma espiral de violência com consequências devastadoras para as duas comunidades e para toda a região".

A violência "tem o potencial de desencadear uma crise humanitária e de segurança incontrolável e de estimular ainda mais o extremismo, não apenas nos territórios palestinos ocupados e em Israel, mas em toda a região", acrescentou.

Riyad Al-Maliki disse por sua vez que "alguns não querem usar essas palavras - crimes de guerra e crimes contra a humanidade - mas eles sabem que é a verdade."

"Israel é implacável e implacável em sua política colonial", disse ele, conclamando o Conselho de Segurança "a agir para impedir o ataque" contra os palestinos.

"Quantos palestinos terão que morrer antes que haja uma condenação?", questionou o ministro.

"Em que momento vão ficar escandalizados?", acrescentou, aludindo à recusa dos Estados Unidos em aprovar uma declaração.

Gilad Erdan disse que "o Hamas optou por acelerar as tensões, usando-as como pretexto, para iniciar esta guerra".

Não há "justificativa para o lançamento indiscriminado de foguetes contra a população civil", acrescentou, afirmando que os palestinos "usam escudos humanos" aumentando o número de vítimas civis.

Edran - que celebrou o apoio dado a seu país por Washington - pediu ao Conselho de Segurança que condene os ataques com foguetes e disse que o Estado hebreu "não tinha outra opção" a não ser retaliar os ataques palestinos para detê-los.