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Bombardeios israelenses continuam em Gaza após 200 mortes em uma semana

17/05/2021 17h44

Gaza, Territórios palestinos, 17 Mai 2021 (AFP) - As ruas de Gaza permaneceram desertas nesta segunda-feira (17) após uma nova série de bombardeios noturnos do exército israelense, depois de uma semana que deixou mais de 200 mortos, a grande maioria palestinos, enquanto o Hamas e Israel ignoram os apelos internacionais por uma desescalada.

Na madrugada de domingo para segunda-feira, a aviação israelense efetuou dezenas de bombardeios na Faixa de Gaza, onde vários grupos armados lançaram foguetes contra o território de Israel.

Centenas de edifícios foram danificados na Faixa de Gaza e os cortes de energia elétrica se tornaram mais intensos. As autoridades locais ainda não divulgaram um balanço de vítimas.

No início da manhã, as ruas do enclave, onde moram dois milhões de pessoas, estavam desertas.

O exército israelense informou em um comunicado que atacou noves casas que pertencem a comandantes do Hamas, incluindo algumas que eram utilizadas para "armazenar armas".

A Jihad Islâmica, segundo grupo armado palestino na Faixa de Gaza, anunciou que Hosam Abu Harbid, um de seus comandantes, morreu em um ataque.

"Nunca aconteceram bombardeios deste calibre", afirmou Mad Abed Rabbo, de 39 anos, que mora na zona oeste da cidade de Gaza e disse que tem o sentimento de "horror, medo".

Quase 40.000 palestinos abandonaram suas casas, informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. As equipes de resgate e os moradores tentavam retirar os escombros e apagar os incêndios, incluindo um em uma fábrica de colchões.

O Programa Mundial de Alimentos anunciou nesta segunda-feira uma ajuda emergencial para mais de 51.000 pessoas na Faixa de Gaza, devastada pela pobreza e pelo desemprego.

- "Intervenção necessária" -Desde 10 de maio, quando teve início a espiral de violência, ao menos 200 palestinos morreram, incluindo 59 menores de idade, e mais de 1.300 ficaram feridos.

No domingo, 42 palestinos, incluindo oito menores de idade e dois médicos, morreram nos bombardeios israelenses em Gaza, o maior número de vítimas fatais em apenas um dia, segundo o ministério da Saúde local.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira a Israel e aos palestinos que "protejam os civis e especialmente as crianças", reiterando que Israel, "como uma democracia," tem um "dever especial" a esse respeito.

Na Cisjordânia ocupada, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, recebeu nesta segunda-feira o emissário americano Hady Amr, que pediu a "intervenção necessária" de Washington para impedir "a agressão de Israel contra o povo palestino", segundo a agência oficial Wafa.

Amr, que se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, no domingo, enfatizou a "importância de se chegar a uma redução da escalada", de acordo com a Wafa.

Os israelenses, especialmente os do sul que vivem com alertas contínuos de foguetes, ouviram um apelo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que "limitem suas atividades ao ar livre".

Do lado de Israel, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram nos ataques de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza.

Os grupos armados palestinos, incluindo o braço militar do Hamas, lançaram mais de 3.150 projéteis contra Israel desde o início das hostilidades.

Este é o maior ritmo de disparos registrado contra o território israelense, informou o exército. A maioria dos foguetes foi interceptada pelo escudo antimísseis Domo de Ferro.

Era um "alvo perfeitamente legítimo", declarou, antes de explicar que o ataque foi baseado em informações dos serviços de inteligência.

O exército israelense, que alega ter como alvos as áreas e equipamentos do Hamas, alguns comandantes e túneis subterrâneos, acusa o movimento islamista de usar os civis como "escudos".

O último grande confronto entre Israel e Hamas aconteceu em 2014. O conflito de 51 dias destruiu a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 em Israel, a maioria soldados.

- Ciclo "insensato" -"Este ciclo insensato de derramamento de sangue, terror e destruição deve parar imediatamente", implorou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, mas uma reunião de emergência do Conselho de Segurança terminou sem avanços.

A terceira reunião virtual do Conselho terminou sem avanços. Os Estados Unidos se opuseram à adoção de uma declaração pela terceira vez em uma semana, segundo fontes diplomáticas.

Uma nova reunião do Conselho de Segurança a portas fechadas está marcada para terça-feira, disseram diplomatas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem "mãos ensanguentadas" por seu apoio a Israel no conflito na Faixa de Gaza, acusou o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, na segunda-feira.

Finalmente, a chanceler do governo alemão, Angela Merkel, expressou sua "solidariedade" com Israel durante uma conversa telefônica com seu homólogo israelense e pediu o fim dos atuais confrontos "o mais rápido possível".

Por sua vez, o presidente francês Emmanuel Macron e seu homólogo egípcio, Abdel Fatah Al Sisi, enfatizaram nesta segunda-feira "a necessidade absoluta de acabar com as hostilidades" entre israelenses e palestinos.

Ambos também abordaram a possibilidade de uma possível mediação para obter uma trégua, para a qual esperam obter o apoio da Jordânia, segundo o Elíseo.

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