EUA rejeita declaração do Conselho de Segurança sobre Oriente Médio pela terceira vez
Nações Unidas, Estados Unidos, 17 Mai 2021 (AFP) - Os Estados Unidos se opuseram nesta segunda-feira (17), pela terceira vez em uma semana, à adoção de uma declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito israelense-palestino, o que o levou a convocar para terça-feira uma nova reunião de emergência a portas fechadas.
O texto, que foi elaborado pela China, Tunísia e Noruega, tinha sido apresentado na noite de domingo aos 15 membros do Conselho de Segurança para ser aprovado nesta segunda-feira.
Washington informou que "no momento não podia apoiar uma expressão" do Conselho, disse um diplomata à AFP.
Em sua conta no Twitter, a missão diplomática norueguesa anunciou a reunião de terça.
"A situação no terreno continua se deteriorando. Civis inocentes continuam morrendo e sendo feridos. Terminem com as hostilidades agora".
Será a quarta reunião do Conselho de Segurança desde 10 de maio, sem que se tenha podido determinar uma postura comum diante dos enfrentamentos entre israelenses e palestinos, devido às reticências americanas.
O esboço de declaração rejeitado por Washington nesta segunda, ao qual a AFP teve acesso, pedia "o fim da violência e o respeito ao Direito Internacional Humanitário, incluindo a proteção de civis, especialmente crianças".
Expressava, ainda, "a séria preocupação" do Conselho com a crise israelense-palestina e denuncia as "possíveis expulsões" de famílias palestinas em Jerusalém Oriental, alegando evitar "ações unilaterais" que exacerbam as tensões.
O texto também celebrava os esforços internacionais para reduzir a escalada, sem mencionar os Estados Unidos, e reiterou o apoio do Conselho a uma solução negociada em favor de dois estados, Israel e Palestina, vivendo "lado a lado em paz" e com "fronteiras reconhecidas e seguras".
- EUA isolado -O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, destacou a importância de o Conselho assumir uma posição consolidada sobre o conflito.
"Eu realmente destacaria a necessidade de uma voz muito forte e unida do Conselho de Segurança, que acreditamos terá peso", disse ele em entrevista coletiva.
A Assembleia Geral da ONU, por sua vez, realizará um debate sobre o conflito israelense-palestino na próxima quinta-feira às 14h GMT (11h no horário de Brasília), disse o porta-voz do órgão, Brenden Varma.
Na última semana, o Conselho de Segurança se reuniu com urgência três vezes para tratar do conflito, sem chegar a uma posição comum.
Principal apoiador de Israel, Washington explicou durante suas duas primeiras rejeições que um texto seria "contraproducente" para seus esforços de mediação na região.
O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira em Copenhague que ambas as partes "protejam os civis e especialmente as crianças", reiterando que Israel, "como uma democracia", tem um "dever especial" neste sentido.
"Continuaremos a realizar uma diplomacia ativa para acabar com este ciclo de violência" e "estamos prontos para dar nosso apoio se as partes quiserem chegar a um cessar-fogo", disse ele durante uma visita à capital dinamarquesa.
A posição de Washington não é compartilhada pela maioria do Conselho de Segurança, especialmente seus aliados tradicionais.
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