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Ceuta e Melilla, únicas fronteiras terrestres da UE com a África

18/05/2021 10h56

Madri, 18 Mai 2021 (AFP) - Os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, no norte de Marrocos, ponto de acesso comum para migrantes clandestinos, constituem a única fronteira terrestre entre a União Europeia (UE) e a África.

- Cercas de fronteira -Em torno de 6.000 migrantes conseguiram entrar em Ceuta, na segunda-feira (17), procedentes do Marrocos, a nado ou a pé. Esta é uma situação sem precedentes em uma cidade que costuma receber entradas maciças de pessoas, pulando sua cerca de fronteira.

Esta cerca dupla de arame com oito quilômetros de comprimento, construída em 1999, foi elevada em 2005 de três para seis metros de altura. Em 2020, obras começaram para elevá-la novamente para dez metros em alguns trechos.

O arame farpado foi removido nos últimos meses e substituído por um cilindro de metal, cumprindo a promessa do governo Pedro Sánchez de limitar os ferimentos sofridos pelos migrantes ao saltar.

Também está sendo reformada a cerca tripla da fronteira de Melilla, com 12 quilômetros de extensão, o outro enclave localizado 400 quilômetros mais a leste da costa marroquina. Nesta terça, o local foi cenário de uma tentativa de salto de 300 pessoas. Destas, 86 conseguiram entrar.

Nesta segunda cidade, algumas seções, equipadas, assim como em Ceuta, com câmaras de segurança e torres de vigia, estão sendo substituídas por uma estrutura lisa que dificulta a escalada dos migrantes.

Esses cuidados não impedem que ambas as cidades sejam palco de tentativas em massa de travessia da fronteira que costumam causar feridos e, às vezes, mortes.

Em julho de 2018, cerca de 600 migrantes conseguiram entrar ilegalmente em Ceuta após um violento ataque, no qual atiraram cal, pedras, paus e excrementos para intimidar a polícia de fronteira.

Entre o final de 2016 e o início de 2017, esta cidade também sofreu várias incursões de centenas de pessoas que conseguiram atravessar sua cerca de fronteira.

- Reivindicados por Rabat -Cidades portuárias com um comércio próspero com a África, os dois enclaves são rotulados de "presídios coloniais" pelo Marrocos, que os considera parte integrante de seu território, assim como a Espanha.

Em dezembro passado, o governo espanhol convocou o embaixador marroquino com urgência para pedir explicações sobre algumas declarações do primeiro-ministro Saad Dine El Otmani. Nelas, ele se propunha a abrir a questão sobre sua soberania.

Ambos os territórios foram conquistados pelos reis católicos como postos avançados, após a expulsão de mouros e judeus da Espanha, em 1492. Madri exerce soberania sobre Melilla desde 1496 e, sobre Ceuta, desde 1580.

Com cerca de 84.000 habitantes em menos de 20 km2, Ceuta fica 50 km ao leste de Tânger, em frente a Gibraltar.

Localizada a 150 km da Argélia, a cidade de Melilla (12,5 km2) abrigava uma população cosmopolita de mais de 87.000 habitantes no final de 2020, metade muçulmana.

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