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Tremores prosseguem na área de vulcão que entrou em erupção na RD Congo

Passagem da lava do vulcão Nyiragongo deixou rastro de destruição na cidade de Goma, na República Democrática do Congo - Moses Sawasawa/AFP
Passagem da lava do vulcão Nyiragongo deixou rastro de destruição na cidade de Goma, na República Democrática do Congo Imagem: Moses Sawasawa/AFP

Em Goma (RD Congo)

25/05/2021 10h36Atualizada em 25/05/2021 10h36

Os violentos tremores de terra prosseguiam hoje em Goma, localizada ao pé do vulcão Nyiragongo, leste da República Democrática do Congo, onde a população, angustiada, teme uma nova erupção.

O balanço da inesperada erupção de sábado subiu para 32 mortes, segundo as autoridades locais. Sete vítimas faleceram asfixiadas por vapores tóxicos na segunda-feira, quando caminhavam sobre o fluxo de lava.

De acordo com uma avaliação conjunta, entre 900 e 2,5 mil casas foram destruídas pela lava, afirmou Raphaël Ténaud, subdiretor da delegação da CICV (Cruz Vermelha Internacional) em Goma, à AFP. Isto significa que 5 mil pessoas estão desabrigadas.

Hoje, assim como na véspera, os terremotos abalavam a região a cada 10 ou 20 minutos.

A violência dos tremores provocou o desabamento parcial de um edifício de três andares e pelo menos sete pessoas ficaram gravemente feridas, segundo a polícia local.

Além disso, uma rachadura de alguns centímetros de largura, mas várias centenas de metros de comprimento, fissurou o solo na zona oeste da cidade.

Posteriormente foi detectada outra rachadura de quase 100 metros de comprimento perto do aeroporto no nordeste a cidade, o que alimentou ainda mais a psicose coletiva.

"A situação é confusa na cidade, as pessoas duvidam. Alguns retornam, outros foram embora. O medo continua", resumiu um morador, angustiado.

Milhares de pessoas saíram da cidade após a a erupção do vulcão, mas parte dos moradores retornou na segunda-feira.

Quando o vulcão começou a expelir lava, dois rios foram formados e um deles atingiu os subúrbios de Goma, onde parou na manhã de domingo.

Muitas fachadas e paredes de casas apresentaram rachaduras desde então. "As paredes da minha casa têm fissuras", disse um morador preocupado.

"Todos estamos com medo de uma nova erupção", afirmou à AFP o diretor local de uma organização internacional.

Escassez de água potável

"Os tremores são muito fortes. Todos nós dormimos ao ar livre sob mosquiteiros, assim como vários vizinhos que temem o desabamento de suas casas. Apareceram rachaduras nas paredes do nosso escritório", acrescentou a fonte.

O RSM, organismo púbico responsável pela vigilância sísmica na vizinha Ruanda, registrou uma dezena de tremores com intensidade entre 2,6 e 3,3 na região nesta terça-feira, entre 8h00 e 10h00 (3h00 e 5h00 de Brasília).

Durante a noite, aconteceu um tremor de 4,3 graus, com epicentro no lago Kivu, segundo o RSM.

O governo, que enviou uma delegação ministerial a Goma, reiterou os apelos de vigilância e pediu que a população respeite as recomendações das autoridades provinciais.

Estas consideram que as prioridades são monitorar o vulcão, manter a ordem na cidade e a ajuda humanitária aos desabrigados.

"O problema mais urgente é a água", afirmou um especialista, pois uma parte da cidade está privada de água potável depois que a lava provocou a destruição parcial de uma estação de tratamento.

Além disso, a estrada entre Goma e Butembo, importante eixo regional para o transporte de mercadorias, foi bloqueada em mais de um quilômetro.