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Um dos assassinos de jornalista colaborador da AFP é condenado à prisão no México

17/06/2021 21h29

Cidade do México, México, 18 Jun 2021 (AFP) - A Justiça mexicana condenou nesta quinta-feira a 32 anos de prisão um segundo autor material do assassinato do jornalista mexicano Javier Valdez, colaborador da AFP, morto em maio de 2017, aos 50 anos, anunciou o Ministério Público.

O juiz da causa ditou uma "sentença condenatória de 32 anos e três meses de prisão contra Juan Francisco 'P', por sua responsabilidade criminal como coautor material do assassinato de um jornalista no estado de Sinaloa", informou a Justiça.

O condenado é Juan Francisco Picos Berrueta, chamado de "El Quillo", declarado culpado no último dia 8. A sentença foi proferida horas depois que o jornalista mexicano Gustavo Sánchez foi assassinado no estado de Oaxaca, sul do país.

Sánchez foi o segundo comunicador morto de forma violenta este ano no México. O país é considerado um dos mais perigosos para a prática do jornalismo, com uma centena de profissionais assassinados desde o ano 2000.

- 'Dano irreparável' -

Griselda Triana, viúva de Valdez, destacou a sentença como "um precedente importante, pois ficou claro que o assassinato se deveu a seu trabalho como jornalista. Todos saberão agora que há punições para quem violar a liberdade de expressão".

Em declarações à AFP, Griselda acrescentou que, para ela e seus dois filhos, "jamais haveria uma sentença suficiente pela perda" que sofreram. "O dano é irreparável, não é possível quantificar quanta dor, quanta tristeza, quanta impotência se sente quando um jornalista como Javier é assassinado", disse.

Pelo assassinato de Valdez, Heriberto Picos Barraza, vulgo "El Koala", já havia sido condenado a 14 anos de prisão em fevereiro de 2020, após confessar participação nos fatos. Os dois assassinos são familiares.

Ficou demonstrado que "o homicídio foi motivado por uma série de notas escritas" por Valdez, afirmou a promotoria, quando "El Quillo", um dos que atiraram contra o jornalista, foi considerado culpado. Dámaso López Serrano, "El Minilic", identificado como suposto autor intelectual, está preso nos Estados Unidos por tráfico de drogas, enquanto Luis Ildefonso Sánchez ("El Diablo"), também envolvido no crime, foi assassinado antes de ser preso.

- Extradição -

Durante o julgamento de Heriberto Picos, foi revelado que ele fazia parte de uma célula criminosa liderada por López Serrano, apontado como afilhado do fundador do cartel de Sinaloa Joaquín "Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

Valdez foi assassinado em 15 de maio de 2017, na cidade de Culiacán, após deixar em seu carro a sede do semanário "Riódce", do qual foi fundador. Três homens encapuzados, incluindo "El Quillo" e "El Koala", interceptaram o automóvel e atiraram 12 vezes.

Javier Valdez, que foi colaborador da AFP por uma década e correspondente do jornal "La Jornada", é lembrado pelas denúncias feitas em seus textos sobre as atividades de grupos criminosos poderosos, como o cartel de Sinaloa, entre outros temas. Em homenagem a ele e à jornalista mexicana Miroslava Breach, também assassinada em 2017, é entregue no México o prêmio Breach-Valdez, promovido pela Unesco, o La Jornada, a AFP e embaixadas europeias

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