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Unionistas e republicanos chegam a acordo para manter governo na Irlanda do Norte

17/06/2021 19h36

Belfast, 17 Jun 2021 (AFP) - Os partidos unionista e republicano da Irlanda do Norte chegaram a um acordo nesta quinta-feira (17) para manter a governança compartilhada, evitando, assim, uma nova crise política nesta região britânica abalada pelas tensões pós-Brexit.

O acordo entre o Partido Unionista Democrático (DUP) e o Sinn Fein, as principais legendas norte-irlandesas, foi alcançado pouco depois da meia-noite, após intensas conversas lideradas pelo ministro britânico para a Irlanda do Norte, Brandon Lewis.

O unionista Paul Givan, de 39 anos, um protestante fundamentalista, foi nomeado primeiro-ministro do governo regional nesta quinta-feira.

A republicana Michelle O'Neill, de 44, volta a ocupar o cargo de vice-primeira-ministra.

Diante de Givan, que destacou após sua nomeação a necessidade de que as duas partes reconheçam ter mais coisas "em comum" do que diferenças, O'Neill advertiu que unionistas e republicanos não estão "na mesma linha no que diz respeito ao Brexit (...), contra o qual a maioria dos cidadãos norte-irlandeses votou" no referendo de 2016.

Porém, a situação deu lugar a tensões dentro do DUP, cujo líder, Edwin Poots, anunciou que irá renunciar, após três semanas no cargo.

"Pedi ao presidente do partido que inicie o processo eleitoral dentro da formação para que um novo líder do Partido Unionista Democrático possa ser eleito", informou em comunicado.

"O partido me pediu para permanecer no cargo até que meu sucessor seja eleito", acrescentou.

Até esta quinta-feira, os dois partidos estavam paralisados, devido a um projeto de legislação regional para deixar a língua irlandesa em pé de igualdade com o inglês, algo que os republicanos acusavam os unionistas de querer impedir.

O bloqueio foi rompido pelo compromisso do governo britânico de legislar sobre o assunto no outono (hemisfério norte, primavera no Brasil), se até a data isto não tiver sido feito em nível regional.

"Isto permitirá ao governo voltar a se concentrar nas questões que realmente importam para os norte-irlandeses, como o atendimento de saúde, a habitação, a educação e o emprego", afirmou Lewis.

As desavenças entre os dois lados - que devem dividir o poder em função do acordo de paz de 1998 - deixaram a Irlanda do Norte sem um Executivo e Parlamento regionais de 2017 a 2020.

Um acordo firmado em janeiro de 2020 restaurou as instituições políticas da Irlanda do Norte.

Em abril, no entanto, a primeira-ministra e líder do DUP, Arlene Foster, anunciou sua renúncia de ambos os cargos diante do forte descontentamento em suas fileiras com as consequências do Brexit.

A questão está no centro de mais um conflito entre o governo britânico e a União Europeia (UE).

Denunciando uma abordagem "purista" da UE, Londres quer uma aplicação mais flexível do acordo do Brexit na Irlanda do Norte, enquanto Bruxelas pede que os compromissos assinados sejam respeitados.

jts-acc/zm/tt/fp/bn