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Líderes da UE chamam atenção da Hungria e rejeitam cúpula com a Rússia

24/06/2021 22h30

Bruxelas, 25 Jun 2021 (AFP) - Os líderes da União Europeia (UE) criticaram duramente nesta quinta-feira (24) a Hungria pela adoção de uma legislação considerada homofóbica, ao mesmo tempo em que descartaram uma cúpula com a Rússia.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, se viu no centro de uma tempestade de críticas no primeiro dia da cúpula da UE realizada em Bruxelas, que terminou na madrugada de sexta no Velho Continente.

A cúpula tinha uma agenda concentrada na política externa, mas que ficou ofuscada pela controvérsia com a nova lei húngara que veta as referências à comunidade LGBT.

Há várias semanas os diplomatas europeus preparam uma agenda complexa, que inclui um debate sobre as difíceis relações com Rússia e Turquia, entre outros temas recorrentes, como as variantes do coronavírus.

No entanto, fontes diplomáticas relataram que os líderes da UE criticaram frontalmente Orban.

De acordo com essas fontes, o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, disse a Orbam que seu governo cruzou "uma linha vermelha" com a nova legislação, enquanto o sueco Stefan Lofven disse ao mandatário húngaro que o povo sueco não quer "enviar dinheiro a um país que faz isso".

Ao fim da sessão, o primeiro-ministro da Bélgica, ALexander de Croo, afirmou que "é a primeira vez que, a nível de chefes de Estado e de governo, houve um confrontamento como este" em cúpulas europeias.

Ao chegar em Bruxelas, Orban garantiu que é um defensor dos homossexuais e afirmou que a nova legislação não tem relação com a comunidade LGBT, e sim com a educação sexual de menores de idade.

"Eu defendo os direitos dos homossexuais. Mas esta lei não é sobre isto. É sobre o direito dos menores de idade e dos pais. Não é sobre a homossexualidade nem qualquer interferência sexual. Não é sobre homossexuais", declarou.

- Rússia e Turquia -Além da controvérsia com a Hungria, os líderes europeus debateram uma agenda delicada.

O tema mais importante do primeiro dia de debate foi a busca por uma definição sobre as futuras relações com a Rússia, um vizinho com o qual a UE tem um diálogo difícil desde 2014, em função do conflito armado na Ucrânia.

Apesar do esforço da Alemanha e da França pelo estabelecimento de um canal de diálogo com a Rússia, os líderes europeus decidiram manter o estado atual de escassez no contato entre as partes.

"Não foi possível chegarmos a um acordo para reunirmos imediatamente o mais alto nível. Pessoalmente, eu gostaria de ter visto aqui um passo mais firme nessa direção", lamentou a chanceler alemã, Angela Merkel.

O chefe do governo da Áustria, Sebastian Kurz, afirmou no Twitter que apoio a iniciativa apresentada por França e Alemanha "para garantir que haja um diálogo no mais alto nível".

A parte referente a Moscou na declaração aprovada pelos dirigentes indica que o Conselho Europeu "explorará formatos e condições de um diálogo com a Rússia".

A Turquia também é um tema importante na agenda. A UE examina um plano para oferecer 3,5 bilhões de euros (4,2 bilhões de dólares) ao país durante os próximos três anos como parte de um pacote de apoio maior, de EUR 5,7 bilhões, a países que recebem refugiados da Síria.

Os líderes europeus instaram o governo turco a manter a atual tendência de redução das tensões com o bloco, a fim de avançar no aprimoramento das difíceis relações.

Com relação à questão migratória, os líderes europeus expressaram sua "rejeição a qualquer tentativa de terceiros países de explorar os migrantes por razões políticas", frase que será incorporada à declaração final da cúpula.

É uma referência velada ao Marrocos, que em maio suspendeu temporariamente os controles fronteiriços com o enclave espanhol de Ceuta, provocando a chegada repentina de cerca de 10.000 migrantes.

A frase também representa um alerta para a Turquia - com quem a UE tem acordos de migração importantes - e para a Belarus.

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