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Balanço de desabamento de edifício na Flórida sobe para 4 mortos e 159 desaparecidos

25/06/2021 15h13

Surfside, Estados Unidos, 25 Jun 2021 (AFP) - Ao menos quatro pessoas morreram do desabamento de um edifício residencial perto de Miami Beach e as equipes de emergência procuram 159 desaparecidos, incluindo muitos latino-americanos.

"Estamos sem notícias de 159 pessoas. Além disso, confirmamos que o balanço de mortes subiu para quatro (...) tomei conhecimento ao acordar que retiraram três corpos dos escombros", afirmou Daniella Levine Cava, prefeita do condado de Miami-Dade.

"Sabemos o paradeiro de 120 pessoas, o que é uma notícia muito boa", disse.

As autoridades afirmaram que não sabem quantas pessoas estavam no prédio no momento do colapso, que aconteceu na madrugada de quinta-feira.

"Continuaremos as operações de busca e resgate porque ainda temos a esperança de encontrar pessoas com vida", disse a prefeita.

Levine Cava destacou que os integrantes das equipes de resgate "estão motivados com a perspectiva de encontrar pessoas. Temos que obrigá-los a respeitar o rodízio, o que demonstra como sua motivação é forte".

Quase 55 apartamentos do edifício, em frente ao mar na cidade de Surfiside, ao norte de Miami Beach, foram afetados pelo colapso, segundo o vice-comandante do corpo de bombeiros de Miami-Dade, Ray Jadallah.

A imprensa local informou que o prédio foi construído em 1981 e tinha 130 apartamentos.

"Uma parte do edifício caiu completamente. Não existe mais", disse Nicolás Fernández, um argentino de 29 anos que mora em Miami e aguardava notícias de amigos que estavam no apartamento de sua família no imóvel.

"Não sei se estão vivos", afirmou à AFP.

Bombeiros e policiais, com a ajuda de drones e cães farejadores, trabalharam durante a madrugada, apegados às reduzidas probabilidades de encontrarem mais sobreviventes.

Enquanto os socorristas trabalhavam com dificuldade sob luzes artificiais, os corpos recuperados foram cobertos por sacos amarelos e removidos do local, enquanto detetives trabalham na identificação das vítimas.

Os bombeiros terminavam de apagar um incêndio na parte norte do edifício, ainda de pé, enquanto o cheiro de borracha e plástico ficava no ar em meio às rajadas de chuva.

"Continuaremos a busca porque ainda temos esperanças de encontrar pessoas vivas", disse Levine Cava, que elogiou a dedicação "incrivelmente emocionante" dos socorristas.

"As operações são realizadas com um risco muito alto para esses indivíduos. Escombros caem por cima deles enquanto eles fazem seu trabalho", destacou.

O presidente Joe Biden declarou emergência e ordenou o envio de ajuda federal para os trabalhos de busca.

A irmã da primeira-dama do Paraguai, Sophía López Moreira, seu marido e os três filhos, assim como uma empregada, estão entre os desaparecidos, informou o chanceler Euclides Acevedo.

Também são desconhecidos os paradeiros de nove argentinos e três uruguaios, de acordo com fontes dos respectivos consulados.

Os trabalhos de resgate podem durar "ao menos uma semana", estimou na quinta-feira Andrew Hyatt, outro responsável da Surfside.

- A esperança diminui -Em um centro comunitário em Surfside, parentes dos desaparecidos choravam e aguardavam por notícias. Inquilinos do edifício que não estavam no prédio no momento da tragédia descobriram que ficaram sem casa.

Erick de Moura, 40 anos, passou a noite de quarta-feira na casa da namorada.

"Acabo de retornar e a cena é impactante", disse. "Há muita dor. Me sinto abençoado por estar vivo".

No edifício moravam residentes de tempo integral e pessoas que passavam apenas temporadas, o que dificulta determinar o número exato de desaparecidos.

"A esperança persiste, mas está diminuindo", declarou a comissária do condado de Miami-Dade, Sally Heyman, ao canal CNN.

Alguns moradores conseguiram escapar pelas escadas, enquanto outros foram resgatados das varandas.

O chefe adjunto dos bombeiros de Miami-Dade, Ray Jadallah, disse que os socorristas se guiavam pelos sons que detectaram "ao longo da noite".

"Não são especificamente sons humanos, pode ser uma batida, pode ser aço se retorcendo, pode ser algo dos escombros caindo", explicou à imprensa.

"Temos esperanças. E cada vez que ouvimos um barulho, nos concentramos nessa área".

- Explicações -Embora as razões do colapso não estejam claras, a infraestrutura do edifício, construído em 1981 e com 130 apartamentos, será analisada de perto.

A Champlain Towers deveria receber uma outra certificação esse ano, seguindo as diretrizes de segurança do condado de Miami-Dade, e teve seu telhado consertado como parte desse processo.

No entanto, as autoridades destacaram que isso é pouco provável que esses trabalhos sejam a causa do desabamento.

Segundo um estudo, dirigido pelo professor da Florida International University (FIU), Shimon Wdowinski, o local mostrava sinais de desabamento em meados dos anos 1990.

"Não sei se o colapso era previsível, mas detectamos que o edifício se moveu nos anos 1990", disse Wdowinski à CNN nesta sexta-feira.

A FIU alertou em uma publicação que o "afundamento da terra por si só provavelmente não causaria o colapso de um prédio".

A investigação para determinar o ocorrido envolverá uma grande coleta de dados, coleta de amostras de aço e de concreto, busca de sinais de corrosão ou algum evento incomum anterior ao colapso, disse outro especialista da FIU, Atorod Azizinamini, chefe do departamento de engenharia civil e ambiental.

"Infelizmente, isso não acontecerá em alguns dias ou semanas", afirmou, "Levará algum tempo".

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