Cuba agradece doação de seringas de grupos dos EUA contrários ao embargo
Havana, 23 Jul 2021 (AFP) - Cuba, que enfrenta o pior momento da pandemia, recebeu nesta sexta-feira (23) as primeiras 1,7 milhão de seringas do total de seis milhões que grupos contrários ao embargo dos Estados Unidos enviarão à ilha, o que o governo considerou um "gesto fraterno" que contrasta com a campanha "hipócrita" do presidente Joe Biden.
"Ratificamos nosso agradecimento ao movimento de solidariedade a Cuba nos Estados Unidos, que apelaram à solidariedade, ao amor e à eliminação do bloqueio", disse Néstor Marimón, diretor de Relações Internacionais e Cooperação do Ministério da Saúde (Minsap).
No ato de recebimento da carga, avaliada em "cerca de 100.000 dólares", Marimón destacou que Cuba, que enviou brigadas médicas a 40 países para combater o coronavírus, "reconhece estes gestos humanitários que são de grande valor nos momentos atuais".
No Twitter, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, também agradeceu "ao Movimento de Solidariedade com #Cuba nos EUA" pelo "gesto fraterno com o povo cubano que resiste ao bloqueio recrudescido".
A ilha, com 11,2 milhões de habitantes, enfrenta atualmente um aumento alarmante de contágios e falecidos pela covid-19. Até esta sexta-feira, eram registrados 316.383 casos e um total de 2.203 mortos.
A compra e o envio das seringas foram coordenados pela Global Health Partners, uma organização americana que envia medicamentos e suprimentos médicos a Cuba desde 1994.
"Estas são genuínas e verdadeiras demonstrações de cooperação, muito diferentes dos que sempre apoiaram o bloqueio para asfixiar o povo cubano e agora de forma hipócrita, falsa e oportunista, pretendem desenvolver campanhas de ajuda", acrescentou Marimón, em alusão a uma iniciativa recente do presidente americano, Joe Biden.
Há uma semana, Biden se disse aberto a enviar "quantidades significativas" de vacinas à ilha se recebesse a garantia de que seriam administradas por uma organização internacional.
"Se querem ajudar de forma sincera, eliminem o bloqueio (vigente desde 1962), é isso de que nosso povo precisa e reivindica", enfatizou Marimón.
Cuba autorizou no começo do mês o uso emergencial de sua vacina Abdala, a primeira da América Latina contra a covid-19, e trabalha em outros três projetos de imunizantes contra o coronavírus.
Segundo o Minsap, até a quinta-feira, 3,4 milhões de cubanos tinham recebido pelo menos uma dose da Abdala ou da Soberana 02, outra candidata a vacina em estudo, em uma intervenção sanitária autorizada desde maio para tentar conter o avanço da pandemia.
rd/lp/lm/mvv
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