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Promotor da Guatemala chamado pelos EUA de 'campeão anticorrupção' é destituído

23/07/2021 22h37

Cidade da Guatemala, 24 Jul 2021 (AFP) - O promotor contra a impunidade da Guatemala, Juan Francisco Sandoval, que havia denunciado uma falta de apoio em sua gestão, foi destituído nesta sexta-feira (23) por sua chefe, a procuradora-geral María Consuelo Porras.

"Foi tomada a decisão de afastar de seu cargo o promotor de seção da Promotoria Especial contra a Impunidade (FECI)", disse o Ministério Público em um comunicado.

O texto afirma que a "institucionalidade" da Procuradoria tem sido objeto de "constantes abusos e frequentes desmandos", e que se tem tentado "minar" o "trabalho, integridade e dignidade" da procuradora-geral.

Porras foi alvo de críticas após acusações de falta de apoio ao trabalho de Sandoval na FECI.

"Diante dos vexames de que tem sido vítima e da iminente falta de confiança na relação, hoje está encerrado o o vínculo de trabalho", acrescenta. Para substituir Sandoval, foi nomeada a promotora Carla Valenzuela.

Em entrevista à AFP em 6 de julho, Sandoval denunciou o assédio ao seu trabalho e a falta de apoio do governo, durante visita ao país da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris.

O trabalho de Sandoval, como parte da luta contra a corrupção na América Central, foi uma das questões abordadas por Harris, que anunciou um grupo de trabalho para apoiar a FECI.

Em junho, o chefe da diplomacia dos EUA, Anthony Blinken, também expressou ao presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, preocupação sobre esforços "para abolir os escritórios anticorrupção, como a FECI". O Departamento de Estado chamou Sandoval de "campeão anticorrupção".

A FECI foi criada para trabalhar em conjunto com a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), vinculada à ONU. Essa entidade, porém, fechou em 2019 por iniciativa do então presidente Jimmy Morales (2016-2020), acusado de corrupção eleitoral.

As organizações descobriram vários casos de corrupção, incluindo uma fraude alfandegária que culminou na renúncia e prisão do presidente Otto Pérez (2012-2015).

Importantes empresários, políticos e militares considerados intocáveis também foram investigados pela FECI, em casos que chegaram ao ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012), acusado por irregularidades em um contrato de transporte público.

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