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Castillo toma posse como presidente do Peru

28/07/2021 15h09

Lima, 28 Jul 2021 (AFP) - O professor rural de esquerda Pedro Castillo assumiu nesta quarta-feira (28) a Presidência do Peru com a missão de enfrentar a pandemia, reativar a economia e acabar com as convulsões políticas que marcaram o último mandato.

"Juro por Deus, pela minha família, pelos camponeses, pelos povos indígenas, pelos pescadores, profissionais, crianças, adolescentes, que ocuparei o cargo de Presidente da República no período de 2021-2026. Juro pelos povos do Peru, por um país sem corrupção e por uma nova Constituição", declarou Castillo.

Imediatamente, a chefe do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, colocou sobre ele a faixa presidencial bicolor.

Vestido com um terno andino preto bordado e seu clássico chapéu Cajamarca branco de cano alto, Castillo caminhou de mãos dadas com sua esposa, Lilia Paredes, até o Parlamento desde o Palácio Torre Tagle, sede da chancelaria, a quatro quadras de distância.

"É a primeira vez que este país vai ser governado por um camponês", sublinhou em seu primeiro discurso perante as autoridades e dignitários estrangeiros presentes na cerimônia, que começou pouco antes do meio-dia.

"Durante a campanha eleitoral foi dito que vamos desapropriar. É totalmente falso. Queremos que a economia tenha ordem", acrescentou, embora tenha afirmado que busca um "novo pacto com investidores privados".

Três dias de cerimônias estão programados para a posse do novo presidente, que receberá a faixa bicolor no dia em que o Peru comemora o bicentenário da independência.

Pouco antes de Castillo chegar à sede do Congresso, chegou o presidente cessante, Francisco Sagasti, que assumiu o cargo em novembro em meio a uma crise política que levou o Peru a ter três governantes em cinco dias.

Muitas ruas do centro de Lima foram cercadas pela polícia, que mobilizou 10.000 agentes em toda a capital, enquanto dezenas de apoiadores de Castillo expressaram seu apoio em torno do Congresso.

- Entre esperança e temores -Castillo assumiu em meio às esperanças de milhares de compatriotas, mas também temores do setor privado e de boa parte dos peruanos que temem uma virada acentuada para o socialismo após três décadas de políticas liberais.

"Castillo tem que dar sinais da gestão da economia" e esclarecer "com quem vai selar alianças para [formar] o gabinete e o Parlamento", comentou à AFP a cientista política Jessica Smith.

Há semanas Catillo tem procurado dissipar os temores, descartando a cópia de "modelos" estrangeiros e negando que ser "chavista". Seu principal assessor econômico, Pedro Francke, disse à AFP que o programa "nada tem a ver com a proposta da Venezuela".

No entanto, "o governo bolivariano da Venezuela foi formalmente convidado para a posse do presidente Castillo", disse à AFP uma fonte do Peru Livre, o novo partido governante que se define como marxista-leninista.

Isso indica uma mudança em sua política externa, já que o Peru reconheceu em 2019 o opositor Juan Guaidó como legítimo governante venezuelano, como 60 outros países.

Castillo recebeu na segunda-feira um telefonema do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que, além de parabenizá-lo, disse que Washington espera dele "um papel construtivo" em relação à Venezuela, Cuba e Nicarágua.

A posse foi assistida pelo rei da Espanha, Felipe VI, cinco presidentes (Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e Equador) e dois vice-presidentes (Brasil e Uruguai), bem como um enviado do presidente americano Joe Biden, o secretário de Educação Miguel Cardona.

"Desejamos muita sorte ao presidente Castillo, porque se o Peru for bem, todos nós estaremos bem", disse o presidente chileno, Sebastián Piñera, depois de se reunir com ele antes do juramento.

- Designações pendentes -Castillo foi proclamado presidente eleito há oito dias pelo júri eleitoral, que levou um mês e meio para analisar as contestações e recursos antes de declará-lo o vencedor da votação de 6 de junho contra a candidata de direita Keiko Fujimori.

O novo presidente, de 51 anos, que costuma usar o chapéu branco típico dos camponeses de sua terra natal, Cajamarca (norte), é católico e contrário ao aborto e às uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Castillo é "o primeiro presidente pobre do Peru", disse o analista Hugo Otero à AFP, destacando que seu maior desafio será "não decepcionar as pessoas que precisam de respostas rápidas" diante da crise econômica e da pandemia.

Castillo deve anunciar os nomes de seu chefe de gabinete e ministros-chave a qualquer momento.

Castillo viajará para a cidade andina de Ayacucho na quinta-feira para uma inauguração simbólica no Pampa de la Quinua, cenário da Batalha de Ayacucho em 9 de dezembro de 1824, que selou a independência do Peru e do resto da América espanhola. Na sexta-feira, ele comandará um Desfile Militar em Lima.

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